De acordo com o Censo Agro 2017, do IBGE, o número de estabelecimentos agropecuários que receberam assistência técnica de órgãos públicos teve uma acentuada queda em relação ao levantamento anterior feito no ano de 2006. A pesquisa mostra que a proporção de produtores que tiveram acesso à orientação reduziu em cerca de 103 mil estabelecimentos. A informação foi dada nesta terça-feira (12/11), num evento conjunto do Fórum de Desenvolvimento Estratégico com a Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Agrária e Pesqueira, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizado no auditório do prédio anexo ao Palácio Tiradentes. No mesmo período, o estudo evidencia que houve aumento nos suportes provenientes de cooperativas, ONGs e do próprio produtor.
No caso do Rio de Janeiro, o Censo revela que 15.765 estabelecimentos agropecuários receberam assistência técnica num total de mais de 40 mil em todo o estado. A pesquisa também tabulou dados como área total desses estabelecimentos, características do produtor e do estabelecimento, práticas agrícolas, energia elétrica, adubação, agrotóxicos, agricultura orgânica, utilização das terras, recursos hídricos, etc. Além disso, pela primeira vez, foram divulgadas informações sobre cor e raça dos produtores.
Aumento de agrotóxicos
O gerente técnico do Censo Agro, Antonio Florido, comentou que o aumento do número de estabelecimentos que declarou ter utilizado agrotóxicos precisa ser relacionado à ausência de orientação técnica. “Uma boa parte desses produtores não possui alto nível de escolaridade, nem recebe orientação técnica. Há uma quantidade grande de produtores que não sabem especificar os agrotóxicos. O Censo mostra que é necessário que haja uma fiscalização em relação à assistência técnica para pequenos produtores e à venda de agrotóxicos”, explicou.
Participante do evento, Mauro Andreazzi, supervisor das Pesquisas Agropecuárias, disse que os pequenos produtores contribuem para a geração de renda no campo: “Os estabelecimentos trabalham em determinada área, como o extrativismo, a agricultura e a pecuária. O número de estabelecimentos aumentou porque o grande produtor que administrava a terra dividiu o território com outros produtores, e isso impacta no aumento da produção, principalmente no caso da agricultura familiar”.
O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Agrária e Pesqueira, deputado João Peixoto (DC), ressaltou a relevância da pesquisa. “O Censo do IBGE é muito importante. Precisamos coletar dados dos próprios produtores, para que possamos desenvolver políticas públicas para eles”, declarou o parlamentar.
“A Alerj lançou o Censo Agro 2017 para que esses dados pudessem basear políticas públicas. Com essas pesquisas, podemos ver o resultado desse trabalho que foi feito no campo, que pode pautar um novo olhar sobre a questão da agropecuária no Estado do Rio, impulsionando setores que se mostraram em crescimento”, afirmou Geiza Rocha, subdiretora geral do Fórum de Desenvolvimento.