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“Quem chegou com dinheiro é mais buziano que nós” – Fabiano da Costa, nascido e criado na praia de Geribá

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Famílias tradicionais de Geribá dizem que veranistas construíram suas casas sobre a restinga e conseguiram anular processo que determinava o recuo dos muros em 12 metros

Assistindo a intensa proliferação de cercas na areia da praia de Geribá, que de acordo com o secretario de Meio Ambiente de Búzios, Duda Tedesco, estão previstas em Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o Ministério Público, para proteção da vegetação de restinga, moradores, representantes das famílias tradicionais de Geribá, afirmam que cercas servem para afastar banhistas das casas de veraneio, que avançam sobre o mar.

Apontando uma cerca feita com estacas apoiadas numa fundação cavada diretamente na areia da praia, Fabiano Fernandes da Costa, filho do pescador Bambu, neto de Seu Anastácio, família que habita Geribá desde o século 19, conta que ali havia dunas, e atrás delas, distante do mar, a casa onde nasceu.

“Toda essa peleia está acontecendo em frente ao lugar onde eu nasci. Tinha dunas de areia. Eu passava atrás delas. As dunas ficavam onde estão os muros das casas e atrás delas tinha batateira da praia, bromélia, cactos pequenos que a gente comia as frutas, e bem lá atrás era a minha casa. Arrancaram as dunas e botaram o muro em cima. O que nasceu na frente foi mato, e as plantas espinhentas que os condomínios plantaram. Há muitos anos que não existe mais vegetação de restinga na praia de Geribá”, diz Fabiano.

TAC assinado em 2007 com o MP retirou quiosques da areia

Assinado pelo município em julho de 2007, com o Ministério Público Federal, a Feema, o Ibama, a Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU) e sete quiosqueiros da praia de Geribá, o Termo de Ajustamento de Conduta retirou as estruturas fixas dos quiosques da areia da praia. Os comerciantes passaram a trabalhar em barracas removíveis.

“Minha mãe tinha um quiosque na praia e perdeu. Pagou cesta básica durante quase dois anos pelos danos ambientais causados na praia. Isso aconteceu com todos os quiosqueiros. Os donos dessas casas não queriam quiosque na frente, e viramos barraqueiros de praia. Ao MP estes proprietários provaram, não sei como, que aquele monte de espinho e cacto que eles botaram na frente do muro, na areia, era vegetação nativa. Aí no TAC eles viraram as pessoas que cuidam da praia, os salvadores das plantas, e o MP deu aval para eles passarem estas cercas de proteção”, conta Fabiano.

Fabiano afirma que cercas protegem plantas exóticas e espinhos que jamais poderiam ser plantados na praia / foto Yanieska Genaro

Quiosqueiros processam proprietários de imóveis na praia

No mesmo ano do TAC, a Associação dos Quiosqueiros de Geribá aproveitou o modelo de processo aplicado contra eles, para também abrir um processo contra os proprietários de imóveis na praia, denunciando o aumento dos terrenos em direção ao mar, ou seja, a invasão gradual da faixa de areia ao longo dos anos. O resultado da sentença, favorável aos comerciantes, determinou o recuo de 12 metros e meio dos muros das casas e condomínios situados de frente para o mar. Mas os proprietários atingidos recorreram e conseguiram anular a sentença.

“Eu sei que os quiosqueiros perderam seus trabalhos, a prefeitura depois autorizou mais quiosques na praia, virando uma verdadeira bagunça, os muros não recuaram e ainda colocaram mais cercas na praia. Só o buziano perde espaço na cidade. Quem chegou com dinheiro é mais buziano que nós. O dinheiro está dando crachá de buziano pra todo mundo. E o buziano está perdendo o seu crachá. Podem conferir. Inclusive convido o juiz de Búzios a visitar a praia de Geribá e ver a situação de perto. As cercas agora têm base de cimento, arame e madeira, e protegem canteiros cada vez maiores, montados com espécies de plantas que não são daqui. Está tudo tão próximo do mar, que as ressacas têm danificado as casas. Estão jogando terra na praia para cobrir a fundação de muros e escadas de acesso que ficaram aparentes com a última maré forte. É o mar querendo retomar o caminho dele”, desabafa o morador.

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