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Urbália: 5 letras do Marcelo Yuka

Marcelo Yuka foi um dos artistas mais importantes de sempre do Brasil e do Rio de Janeiro, nem se fala. Uma das cabeças de um movimento de artistas e bandas que no final dos anos 80 e anos 90 todo, praticamente reinventaram o que era o Rock Brasil, foi para outro plano.

Responsável direto por um dos discos clássicos da música brasileira, o disco Lado B Lado A, do O Rappa, foi vítima daquilo que hoje consideram como solução máxima de combate a violência – armas. Como a paz sem voz é a paz sem medo, vai-se o homem e ficam suas obras.

E a proposta é, pelo menos, listar 5 letras do Marcelo Yuka que considero fundamentais para se entender o Brasil de sempre. O artista e seu compromisso de mostrar que entre o céu e inferno, nada é estável e se você não enxerga o que rola, o artista mostra para você. Marcelo Yuka era dessa linhagem e que bom que era.

Vamos para lista:

1- O Rappa: Brixton, Bronx ou Baixada

O que as paredes pichadas têm prá me dizer?
O que os muros sociais têm prá me contar?
Porque aprendemos tão cedo a rezar?
Porque tantas seitas têm, aqui seu lugar?
É só regar os lírios do gueto
Que o Beethoven negro vêm prá se mostrar
Mas o leite suado é tão ingrato
Que as gangues vão ganhando cada dia mais espaço
Tudo, tudo, tudo, tudo igual
Brixton ou Bronx ou Baixada
A poesia não se perde ela apenas se converte
pelas mãos do tambor
Que desabafam histórias ritmadas como único
Socorro promissor
Cada qual com seu James Brown
Salve o samba, hip-hop, reggae ou carnaval
Cada qual com seu Jorge Ben
Salve o jazz, baião e os toques da macumba também
Da macumba também
Tudo, tudo, tudo, tudo igual
Brixton ou Bronx ou Baixada”

2- O Rappa: Lado B Lado B

Se eles são Exú
Eu sou Yemanjá
Se eles matam bicho
Eu tomo banho de mar

Com corpo fechado
Ninguém vai me pegar
Lado A Lado B
Lado B Lado A

No bê-a-bá da chapa quente
Eu sou mais o Jorge Bem
Tocando bem alto no meu walkman
Esperando o carnaval do ano que vem
Não sei se o ano vai ser do mal
Ou se vai ser do bem

O que te guarda, a lei dos homens
O que me guarda, é a lei de Deus
Não abro mão da mitologia negra
Pra dizer eu não pareço com você

Há um despacho na esquina do futuro
Com oferendas carimbadas todo dia
Eu vou chegar, pedir agradecer
Pois a vitória de um homem
Às vezes se esconde
Num gesto forte que só ele pode ver

Eu sou guerreiro, sou trabalhador
E todo dia vou encarar
Com fé em Deus e na batalha
Espero estar bem longe
Quando o rodo passar”

3- O Rappa: Homem Amarelo

O Homem Amarelo do Samba do Morro
O Hip Hop do Santa Marta
Agarraram o louro na descida da ladeira
Malandro da baixada em terra estrangeira

A salsa cubana do negro oriental
Já é ouvida na central

Que pega o buzum
Que fala outra língua
Reencontra subúrbios e esquinas

É o comando, comando comando em mesa de vidro
Enumera enumera enumera o bandido

Eu e a minha tribo
Brincando nos terreiros
Eu e a minha tribo
Nos terreiros do mundo

Só misturando pra ver o que vai dar
Só misturando pra ver o que vai dar
Só misturando pra ver o que vai dar”

4- F.U.R.T.O: Terrorismo Cultural

Um atentado contra golpe
Contra tudo que já se foi falado
Jurado, esperado
E prometido como solução

Um atentado contra golpe
Contra tudo que já se foi um ato
De violência educada ou um ato
De educação para violar a situação

Antes do momento exato
Da intolerância virar desafeto
E o desafeto virar tonteira na ciranda
Dos valores trocados pelo deus dinheiro

Eles roubaram livros e fugiram em manifesto
Eles roubaram livros como vacina antivírus
Eles roubaram livros e fugiram em manifesto
Eles roubaram livros

Reconhecidos e procurados
Como uma tribo de índios
Negros, coloridos como todos nós
Fugiram da favela dos sentidos

Um atentado contra golpe
Contra tudo que já se foi falado
Jurado, esperado
E prometido como solução

Um atentado contra golpe
Contra tudo que já se foi um ato
De violência educada ou um ato
De educação para violar a situação

Antes do momento exato
Da intolerância virar desafeto
E o desafeto virar tonteira na ciranda
Dos valores trocados pelo deus dinheiro

Eles roubaram livros e fugiram em manifesto
Eles roubaram livros como vacina antivírus
Eles roubaram livros e fugiram em manifesto
Eles roubaram livros

Reconhecidos e procurados
Como uma tribo de índios
Negros, coloridos como todos nós
Fugiram da favela dos sentidos

Cavando de dentro pra fora um novo dia de sol
Porque o futuro começou quando dormíamos
Numa noite longa e aflita
Que aos poucos começa a escurecer a pista

A escurecer a pista
A pista, a pista
Eles roubaram livros
E fugiram em manifesto

Eles roubaram livros
Reconhecidos e procurados
Como uma tribo de índios
Negros, coloridos como todos nós”

5- Marcelo Yuka: Confusão

O povo confunde justiça com vingança
O idiota confunde poder com arrogância
A dança confunde o corpo com o som
O artista confunde sucesso com o dom

O homem confunde estar só com solidão
O preso confunde liberdade com o vão
A criança confunde a mãe com o berço
O bispo confunde o vírus com o terço
O ocidente confunde filosofia com dor
A cidade confunde avanço e rancor
O poeta confunde delírio e instinto
A morte confunde o fim com princípio

E no deserto de nuvens de tão cinzas
Perdi várias noites para ver o sol
A confusão da multidão
Entre bombas de efeito moral
Deus me livre de ser normal
Que eu acho em mim, em minha casa
Que eu acho em mim

O cara confunde perdoar a memória com esquecer
E ela confunde admirar com pertencer
O velho confunde sabedoria com erosão
O novos confunde os pés pelas mãos
O samba confunde ritmo e vida
O funk confunde caos e alegria

E no deserto de nuvens de tão cinzas
Perdi várias noites para ver o sol
A confusão da multidão
Entre bombas de efeito moral
Deus me livre de ser normal
Que eu acho em mim, em minha casa
Que eu acho em mim

A mídia confunde as rédeas com juízo
O dinheiro confunde não ganhar com prejuízo
A ginga confunde balanço e resistência
A beleza confunde talento com aparência

E no deserto de nuvens de tão cinzas
Perdi várias noites para ver o sol
A confusão da multidão
Entre bombas de efeito moral
Deus me livre de ser normal
Que eu acho em mim, em minha casa
Que eu acho em mim”

 

 

*Fabio Emecê é Mc, professor e um poeta do caos de menor linhagem 

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