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Bate Papo com Leandro Araujo, diretor do filme “Todo juiz é ladrão, Cabelada não”

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Por Ana Roberta Mehdi (Bina)

 

Cabelada

Cabelada, controverso e irreverente arbitro de futebol que até hoje é lembrado e celebrado por diversas gerações do futebol carioca, vem há algum tempo recendo uma série de homenagens e reverencias  tanto pelo mundo do futebol, quanto pelo mundo do samba, é também um famoso boêmio. Até um filme está em pleno processo de produção e tem previsão para estrear no inicio de 2018.  O diretor Leandro Araujo conta que o objetivo principal é que o documentário seja exibido nos principais festivais de cinema do Brasil. Cabelada,  carioca de Vila Isabel, há quase 15 anos mora em Búzios onde  começaram as primeiras gravações. Batemos um papo rápido com Leandro, que explicou como está o andamento das gravações e também os desafios do financiamento coletivo.

Prensa de Babel: Por que você decidiu fazer um filme sobre o Cabelada ?

Leandro Araujo é Rubro-negro. Pesquisador da cultura popular brasileira, especialmente a carioca e buziana. Publicitário e cineclubista. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense.

Leandro Araujo:  Porque acho um desperdício um cara com uma história dessas estar de bobeira por aí, sem ser valorizado. O Cabelada é um arbitro de futebol, malandro, 71, ‘cafajeste’, mas que todo mundo gosta dele.

Prensa: Você já era próximo dele?

Leandro: Eu não conhecia Cabelada pessoalmente antes do filme, conhecia apenas de encontrar com ele cantando pelos bares de Búzios. Na verdade, passei a prestar atenção no Cabelada, quando em meio a uma feira no Porto da Barra, um pouco depois de uma feirante ser expulsa do Porto da Barra porque estava vendendo flores, numa situação em que todos ficaram perplexos; Cabelada chegou, gritando “SABE O QUE FALTA EM BÚZIOS ? UMA BOA MACUMBA.” E começou a cantar aquele samba-ponto de macumba ‘Yansã cadê Ogum? foi pro mar’ …

Prensa: Além de toda a história dele dentro do futebol esse lado irreverente e zombeteiro também chamou a atenção para o filme?

Leandro:  Cabelada é uma pessoa que foge da hipocrisia numa cidade em que se cultua dinheiro. As igrejas evangélicas estão cheias, a biblioteca tá vazia, as boates tão cheias, mas a cultura popular tá vazia – não se vê capoeira, não se vê nada de Brasil; o pessoal daqui quer ser qualquer outra coisa que não Brasil. Já Cabelada é um cara que mora em Búzios há um tempão, é querido pelas pessoas, sabe o que é cultura brasileira e é um representante dela. Ele reúne a Cultura Brasileira em si, porque você não consegue entender o Brasil, se não pensar no samba, no futebol, sem pensar na macumba, no terreiro e na roda. E você não consegue entender o Brasil, sem pensar nas contradições. O Brasil é um país de contradições. O Cabelada é uma contradição ambulante e, ao mesmo tempo, é um cara que foi árbitro de futebol, é um cara que é considerado no samba. Aqui em Buzios, ele vai num bar, fica cantando suas músicas e o pessoal fica achando que ele é mais um bêbado; mas quando ele vai pro Rio, ele é super reconhecido, chegam junto o Moacyr Luz, o Nei Lopes – os maiores expoentes do samba – e que dão o maior valor para ele. Enfim, Cabelada é um cara ligado ao futebol, ao samba e é contraditório à beça. Ao mesmo tempo em que defende idéias conservadoras, ele em si, nunca foi conservador na atitude.  Enquanto isso, tem uma porrada de gente que defende idéias progressistas, mas na verdade são conservadores e moralistas para caralho.

Prensa: É muito comum documentários sobre jogadores, a ideia de homenagear um arbitro é bem original, né?

Leandro:  O Brasil é o país do futebol e aqui, o árbitro tem uma importância absurda no nosso futebol. A transmissão esportiva no Brasil tem 2 figuras importantes: o comentarista do jogo e o comentarista da arbitragem. Isso não existe em nenhum outro lugar do mundo. Só agora, na Inglaterra, o Howard Webb – que foi um árbitro de destaque – está começando a fazer uns comentários na TV inglesa. Mas isso, no Brasil, acontece desde a época do rádio, na década de 40 e 50, com o Mario Viana, o Wright, o Arnaldo Cesar Coelho…No Brasil, a figura do comentarista da arbitragem acontece em qualquer transmissão de futebol. Seja Sub-17, FutSal, Fut Society, ou em qualquer modalidade de futebol, sempre tem um comentarista de arbitragem. Isso é uma especificidade nossa. Isso mostra a importância que o árbitro tem dentro do futebol brasileiro. A arbitragem brasileira é tão central que, em muitos jogos, não se comenta a jogada, mas a arbitragem, o que o árbitro fez ou deixou de fazer. O Cabelada foi um desses grandes personagens, junto com o Margarida. Tem reportagens do Globo Esporte na década de 80 que dizem literalmente: “O FLAMENGO ACABOU DE GANHAR O CAMPEONATO TAL, NO JOGO FLAMENGO E NÃO SEI QUEM…NO JOGO TEM ZICO, TEM BEBETO, TEM RENATO, MAS O PERSONAGEM PRINCIPAL QUEM FOI? FOI O ÁRBITRO !!! CABELADA”

Prensa: De alguma forma será uma homenagem a todos os árbitros de futebol do Brasil?

Leandro: Sim. Isso acontece no Brasil e estas figuras são consideradas polêmicas e odiadas e muitas vezes são jogadas no esquecimento, ao ponto em que até hoje não foi feito nenhum filme sobre árbitros no Brasil. Este filme sobre Cabelada é o primeiro filme brasileiro a falar sobre um árbitro de futebol e olha que estamos no país do futebol.”

Prensa: A data ´pra finalizar a campanha de financiamento termina dia 19, falta muito do valor necessário pra finalizar o filme?

Leandro  Faltam 34 mil para finalizar o crow funding. Faltam 7 dias. Apóie o filme, compartilhando e  ajudando a vaquinha, participando do crow funding para realização do documentário “Todo juiz é ladrão, Cabelada não!” até dia 19/11/17 em www.catarse.me/cabeladanao. A torcida agradece !


Texto jornalistico assinado. Propriedade do Prensa de Babel. Pode ser republicado com citação do autor e veiculo

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