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Delegacia da Rasa – Muitas são as histórias

A origem

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Foto tirada por Ronald Pantoja antes de começar o processo de reforma do local

O barulho de ferro batendo e tijolos quebrando até que poderia ser confundido com o episódio da fuga em massa, que pela primeira vez colocou a Delegacia da Rasa no noticiário da região. Fato este que levou toda gente do bairro a ficar em polvorosa…

Mas não. Não é fuga. É a história seguindo seu ritmo. A Delegacia da Rasa, que já foi uma espécie de “Bangu” no interior do Estado, nas décadas de 80 e 90, quando presos cumpriam pena nas carceragens das delegacias superlotadas, vai mudar novamente.

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Em fase de retirada das antigas grades a velha de delegacia da Rasa se tornará outra coisa – Foto Ronald Pantoja

Está sendo toda reformada para abrigar o DPO e a Secretaria Municipal de Segurança Pública. E vai perder suas grades e ares de delegacia. Definitivamente. Mas não perde sua história.

Construída por uma necessidade dos anos 80, época do boom imobiliário em Búzios, quando começaram a surgir muitas pousadas, casas, condomínios… e com eles os assaltos e pequenos furtos, o arquiteto Otávio Rajagabaglia pediu ao chefe da Polícia Militar do Interior, Alberto Campaña, uma delegacia para Búzios.

Campaña foi reto: o máximo que poderia ser feito era um Posto Avançado do já existente Posto Avançado de Unamar, localidade vizinha. Mas o Estado não tinha como investir nada. E assim foi. João Guelo, morador da Rasa e grande benfeitor de Búzios, doou o terreno, Otavinho fez o projeto do prédio e construiu do próprio bolso, e um cara chamado Omar Carneiro, executivo de uma multinacional, querido morador de Búzios, doou os móveis. Estava pronto.

Quando os policiais vieram inaugurar o posto, viram que o de Búzios era melhor que o de Unamar. Não havia nada igual na região nem em lugar nenhum num raio de muitas cidades. Nem Cabo Frio, nem nada. Nova, moderna, com carceragem, com tudo. Aí resolveram passar a delegacia pra Rasa.

Búzios ganhou sua delegacia e passou a cuidar de Unamar também. Até hoje é assim.

O local só perdeu o status de delegacia quando o governador Garotinho (1999) criou o programa Delegacia Legal, e o prédio oficial foi aberto na Ferradura (2008).

Prova de Fé

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Nos corredores sujos da antiga delegacia vestígios da fé dos presos que por ali passaram – Foto Ronald Pantoja

Ateu convicto. Assim era o inspetor Júlio. Trabalhou anos na Delegacia da Rasa, debruçado numa máquina de escrever Remington, capenga de algumas letras, claro.

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Mais manifestações de fé

Um belo dia, após o plantão de 48 horas, já prestes a sair pela manhã, pronto para ir embora, tomando um café, chega um cara. Veio pedalando de Unamar para dar queixa da mulher. Queria denunciar a esposa que o traía. Flagrou a dita cuja na cama com o açougueiro. Queria fazer um boletim de ocorrência para pedir a separação.

Julinho sabia que se começasse a fazer a ocorrência ali, ia demorar muito tempo. E ele queria ir embora. Morava em Rio Bonito, o caminho era longo…

Foi aí que teve a ideia de perguntar ao cara se ele era evangélico. Resposta afirmativa, Júlio então pegou uma bíblia, abriu numa página qualquer e falou para o cara: “Deus está tentando provar a sua fé. Volte lá, perdoe sua esposa e reate seu casamento!”

O cara foi embora, não fez a denúncia. E Julinho se mandou para Rio Bonito. Passou um tempo o cara voltou com a esposa grávida, não se sabe se o filho era dele ou do açougueiro… mas o fato é que o casal pediu para Julinho ser o padrinho do filho deles. Convite aceito, o inspetor Júlio virou padrinho de um menino nascido em Unamar.

E ele ria bastante quando lembrava esta história. Como não acreditava em Deus, tudo o que falou era mentira.

 

 

A reforma da maconha

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Com tantos maconheiros presos era de se esperar que também deixassem a sua marca – Foto de Ronald Pantoja

Entre bandidos e ladrões de galinha, muitos maconheiros cumpriram pena na carceragem da Rasa. Denunciado pelo ex-funcionário de confiança, um empresário de hotelaria apreciador da erva, foi preso em casa pela polícia que encontrou boa quantidade do produto ilegal.

A essa altura, na delegacia já faltava muita coisa. O prédio estava velho e a carceragem lotada de gente e de problemas.

Preso nesse ambiente, o empresário não teve dúvida. Pagou a reforma geral das celas, banheiros, trocou a instalação elétrica e hidráulica, fez um investimento pesado. Quando saiu, deixou o prédio em melhores condições de uso.

Juiz dá calote em maconheiro

Maconha também prende artista, e lá pelo início do milênio, Elio Lago, talentoso pintor argentino que morou muitos anos em Búzios, passou parte desse tempo detido na Rasa. Poeta dos pincéis, pintou um painel que ainda hoje pode ser visto na cela onde ficou. Lindo! Apresenta uma cidade com sua população em sua rotina diária, mas pedindo justiça, igualdade de direitos, inclusão social. Esses maconheiros…

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Este mural feito pelo grande artista Elio Lago, um ilustre maconheiro preso na lendária Delegacia da Rasa, ainda está lá

Dia vai, dia vem, o Juiz da Cidade aparece na carceragem para uma vistoria. Ao se deparar com o painel que cobre toda uma parede, ele manda chamar o artista e encomenda a pintura de um quadro: sua imagem em seu gabinete de trabalho.

Corta a cena para Sandro Peixoto, repórter do jornal O Perú Molhado, recebendo uma ligação do Fórum de Búzios mandando ele comparecer ao gabinete do juiz. “Fui tremendo de medo…não sabia o que era”, contou Sandro, que aliás, me contou também todas essas histórias que lemos agora.

O motivo do chamado fez o repórter respirar aliviado. O Juiz queria ser fotografado em sua cadeira imensa, com direito a um pedido especial. Que fossem focadas suas mãos sobre os braços da cadeira.

Elio Lago pintou o quadro baseado (olha a maconha aí de novo) na foto de Sandro, mas o pagamento nunca chegou. Um quadro gigantesco, assim como o calote dado pelo Juiz.

Atende aí

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A marca onde antes era o banheiro mostra as fotos das musas que na parede faziam companhia aos prisioneiros durante o banho

Clemente Magalhães e Adriana, cansados de ligar para a delegacia sem sucesso, foram até o local, e descobriram que os inspetores não atendiam o telefone porque o único aparelho que tinha no prédio, ficava na sala do delegado.

O casal então saiu da Rasa e foi até Manguinhos comprar um aparelho telefônico para doar para os inspetores. Compraram, voltaram pra Rasa e foram informados pelos policiais de que para doar pra delegacia, teriam que registrar a doação ao Estado RJ em cartório. Eles foram para o cartório, no Centro, e não conseguiram registrar nada… voltaram pra Rasa com o aparelho e simplesmente deixaram na delegacia dizendo para os policiais que eles iam esquecer o telefone ali… e caso alguém quisesse utilizar…

Muita moral

Não podia terminar este texto sem registrar mais essa.

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Paredes cheia de história que fazem parte de Búzios

João Guelo, figura forte da história de Búzios, principalmente da Rasa, onde morava, doador do terreno onde se ergueu a delegacia, andava armado pela cidade. Todos os policiais sabiam, assim como sabiam que ele não possuía porte de armas, nem autorização alguma para ser proprietário de uma. Pois bem, ele não somente andava com sua arma à mostra, na cintura, como também volta e meia invadia a delegacia e tirava alguém do xadrez. Soltava mesmo. E ninguém interferia. Tinha moral para tal. E toda gente sabia também que ele só soltava quem realmente não merecia estar ali. Quem deu bobeira na vida, acontece, mas não precisava ficar ali…

Maravilhoso.

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Maria Fernanda Quintela – Fernandinha, é jornalista e moradora de Búzios, há muitos anos no bairro Rasa. Escreve seu primeiro texto pro Prensa

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