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Cidades

Como dois e dois são cinco

Meu amigo Paul (o sapateiro que trabalha na Praça Santos Dumont) trouxe outro dia um assunto impertinente. Apesar da imagem simples que passa para alguns, Paul é na verdade um intelectual. Discursa sobre juros, eleições americanas, crise árabe, intervenção federal no Rio, Copa do Mundo e valor do dólar americano com mais autoridade que muito comentarista de jornal e TV. Paul lê jornal (mais de um) todos os dias há mais de 40 anos. Livros também. Quando resolve opinar sobre algo, aprofunda a discussão. Argumentos lhes sobram. Mesmo que às vezes cometa alguns deslizes históricos.

O assunto que me trouxe a este texto é simples por concepção, e profundo por reflexão.  Como de costume, ele transformou um assunto complexo (o salário mínimo brasileiro) em algo trivial, usando a matemática mais pura para demonstrar o abismo em que vive grande parte da sociedade brasileira. Milhões de brasileiros ganham menos de mil reais por mês. Estatística aonde, felizmente, meu amigo Paul não se encontra, pois trabalha para si mesmo.

Paul vive de maneira franciscana. Gasta com parcimônia. Não por ser mesquinho e sim, por ter gostos frugais. Pode gastar mais, mas, por opção consome apenas o necessário.  E mesmo assim sua vida custa mais de 1.500 reais por mês. Ele não paga aluguel, água, luz, IPTU, IPVA ou coisa parecida. Nem mulher e filhos têm. Outro dia fez uma conta que não o deixou dormir.

Lembrou que para financiar seu dia precisa de 1.500 por mês. A saber: seis reais do café da manhã; cinco do cigarro mais barato; 10 reais da quentinha do almoço e mais 5 reais para um lanche noturno. Tudo mais barato possível. Somados esses pequenos gastos diários já seria necessário 780 reais por mês. Paul paga ainda o café da manhã, o almoço e a diária do seu ajudante. Seis mais 10, mais 15 que soma 31 reais diários, ou seja, 930 reais mensais.  Mil setecentos e dez reais para viver da maneira mais simples possível sem pagar aluguel, água, luz, material de higiene, gás de cozinha, remédios, sair para jantar, beber, comprar roupa da moda, fazer chapinha no cabeleireiro, sem manicure ou barbeiro. Quase dois mil reais para o básico.

Só um mágico pode viver de salário mínimo, Eu às vezes não consigo dormir pensando nessa conta. Estou acostumado com coisas simples, mas me espanto ao ver pessoas que ganham pouco ostentando celulares caros e tomando cerveja todos os dias. Tem gente que toma Heineken!  Quatro Heineken custa 20 reais na praça onde é mais barato. Só nessa conta são seiscentos reais por mês.  Sinceramente não entendo de economia- declarou o sapateiro sem chegar à conclusão alguma.


Sandro Peixoto foi por 12 anos repórter do semanário O Perú Molhado, é membro da Associação fluminenfluminense de Jornalistas, mora em Búzios, e é um dos fundadores doo Prensa de Babel

 

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