Não bastasse a quantidade de chuva que castigou a Região dos Lagos nos últimos dias, o desamparo do governador do estado, Wilson Witzel, que deixou os prefeitos de Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande esperando por uma reunião no Palácio Guanabara e não apareceu, colabora para aumentar a gravidade dos efeitos causados pelo temporal. Witzel agendou o encontro para domingo (19), mas os prefeitos deram de cara na porta. O governador alegou que precisou sair do estado e falou com os prefeitos por teleconferência.
A esperança dos prefeitos Adriano Moreno (Cabo Frio), Renatinho Vianna (Arraial do Cabo), Cláudio Chumbinho (São Pedro da Aldeia) e Balliester Werneck (Iguaba Grande) era conseguir recursos, equipamentos e equipes do governo do Estado para acelerar a recuperação das cidades atingidas. São Pedro decretou situação de emergência e Arraial chegou a decretar estado de calamidade pública.
Os prefeitos demonstraram profunda insatisfação nos bastidores. Witzel tentou amenizar a situação prometendo um novo encontro na próxima quinta-feira (23).
Em Cabo Frio a Defesa Civil registrou 70 chamados durante o fim de semana. Cerca de 30 pessoas
tiveram que deixar suas casas. A maioria foi para a residência de parentes até a situação se normalizar. Somente na Gamboa foram cinco casas interditadas por risco de deslizamento de terra. No mesmo bairro, as lojas do shopping da Rua dos Biquínis foram inundadas pela água da chuva. Na Reserva do Peró um muro desabou parcialmente. Ninguém ficou ferido.
Em Arraial do Cabo, chamou atenção uma enorme rachadura registrada no alto do Morro da Cabocla. A Defesa Civil tranquilizou a população após uma vistoria, constatando que se tratava de uma rachadura superficial. Houve deslizamentos na entrada da cidade e um trecho da RJ-140 precisou ser interditado. A Escola Adolpho Beranger Júnior e a Primeira Igreja Batista ficaram à disposição da população. Uma campanha de arrecadação de donativos está sendo feita na cidade.
Em São Pedro, diversos bairros foram atingidos. No Condomínio Minha Casa Minha Vida, três blocos foram interditados. Já em Búzios a situação foi mais tranquila. O pier do centro da cidade, que chegou a ser interditado, já foi liberado.
A Prolagos também colaborou doando insumos como cestas básicas, kits de higiene e colchonetes, entre outros itens.
Ao todo, 12 caminhões de sucção a vácuo estão nas ruas da região, alguns emprestados aos municípios e outros a serviço da concessionária, fazendo a desobstrução das redes de drenagem e de esgoto. Entre os equipamentos disponibilizados aos municípios estão bombas submersíveis, caminhões de sucção, retroescavadeiras e caminhões.
Contingência nos sistemas de água e esgoto
A concessionária preparou um plano de contingência nos sistemas de água e esgoto para que a operação não ficasse prejudicada. Na Estação de Tratamento de Água (ETA), em São Vicente de Paulo, em Araruama, foi intensificado o monitoramento da água bruta através análises no laboratório (cor, turbidez e PH). Uma equipe de eletromecânica permanece de plantão 24 horas na unidade para atuar em possíveis emergências. Em função da instabilidade da energia elétrica, foram adquiridos componentes elétricos como soft start e inversores de frequência prevendo queimas de equipamentos por descarga elétrica.
No Centro de Controle Operacional (CCO), as equipes acompanham em tempo real as pressões nas adutoras e nas redes de distribuição, além das vazões e níveis de reservatórios. Por meio do software israelense TaKaDu é possível antecipar ocorrências fora do padrão e agir preventivamente. Um operador volante percorre toda a extensão rural das adutoras com enfoque maior em pontos com declividade e possibilidade de erosão pelas chuvas, que podem provocar rompimento das tubulações.
