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Adolescente em Búzios: “Amo trabalhar, mas sofro muito assédio dos clientes”

FotosRonald Pantoja
FotosRonald Pantoja

Com apenas 17 anos de idade e uma coleção de histórias de assédio sexual, uma buziana moradora da Rasa, nos conta sua história. Ajudando a Prensa a traduzir os dados registrados no Dossiê Mulher do Instituto de Segurança Pública do Estado, que aponta em Búzios mais de 600 casos de violência contra a mulher ocorridos somente no ano passado, o relato dessa adolescente é o retrato de uma sociedade.

Com a simplicidade de menina, Eduarda nos mostra na prática o significado da palavra “assédio”, reforçando na realidade de seu dia-a-dia, o que o dicionário já explicava no papel:  “Assédio: conjunto de sinais, estabelecendo um cerco com a finalidade de exercer o domínio”.

“Meu nome é Eduarda Gonçalves Moreira, tenho 17 anos, trabalho no Lava a Jato. Eu amo trabalhar aqui. Mas sofro muito assédio dos clientes. Estou no terceiro ano do ensino médio, e quero ser advogada.

Às vezes preciso deixar o numero do celular com os clientes, quando o patrão não está, para eles virem buscar o carro mais tarde. E tem uns que são meio chatos, de ficar mandando mensagem. Teve um cliente que até mandou foto da parte íntima pra mim, falando assim, “poxa vamos sair hoje, eu quero te conhecer melhor”. Respondi, cara eu não sou puta, e mesmo que eu fosse, quem é que gosta de ser tratada dessa forma? Ninguém.

Teve uma vez em que eu tava lavando uma moto aqui no Lava a Jato, abaixada lavando a roda, aí eu levantei e o cliente estava ali junto comigo no deck, uma coisa que a gente aqui não deixa, porque a pessoa pode se molhar, se sujar, só que ele ficou lá comigo. Meu tio não estava. Quando eu levantei, ele passou a mão na minha bunda e apertou. Eu olhei pra ele e perguntei, qual o seu problema? “Ah não, a minha mão escorregou…”

Engraçado né, a mão dele escorregou e apertou a minha bunda sem querer. Aí eu falei que não ia mais lavar a moto dele e ele ficou dizendo, “como assim, eu paguei pra isso”. Pagou, mas isso não quer dizer nada. Devolvi o dinheiro e expliquei, eu trabalho para lavar uma moto, um carro, eu trabalho no veículo. Não trabalho pra você ficar passando a mão em mim. Aí ele pegou a moto e saiu, cheia de sabão mesmo. Não enxaguei a moto, fiquei muito estressada.

Um dia eu tava lavando um carro e o cliente começou com um papo estranho, dizendo que gostava de ficar com menina mais nova. O cara tinha uns 60 anos, era bem de idade. “Eu gosto de ficar com menina mais nova, minha última namorada tinha 14 anos”. Nossa, fiquei muito espantada, imagina que absurdo, um cara de 60 com uma criança de 14. “Ela morava comigo, eu tirei ela lá da Bahia, da casa da mãe dela, mas agora ela quis se separar de mim por causa de uns problemas que a gente teve, e eu estou querendo conhecer gente nova, você não quer dar uma saída comigo não? Vamos lanchar em algum lugar, vamos comer alguma coisa, você bebe?”

Eu falei, eu bebo, mas não vou sair com você. Não sou chegada a gente desse jeito, desse estilo, eu fico com gente da minha idade. Aí ele começou, “Eu quero vender o meu carro, meu carro tem muita história, com muita menina. Já peguei menina de um jeito assim…” Pedi pra ele parar de contar, não me interessava saber como ele tinha ficado com tal menina ou tal criança. Tem uns clientes que são muito chatos, de dar em cima mesmo.

Eduarda no trabalho do lava a jato / foto Ronald Pantoja

Eu recebo muitos presentes aqui no Lava a Jato. Mas eu levo na boa, tipo tá me dando gorjeta. Já ganhei bolsa, roupa, comida, mas muitos dão alguma coisa na intenção de querer algo mais. É complicado.

Teve um cara que veio aqui um dia e ficou me olhando estranho. No dia seguinte ele me trouxe um café da manhã e perguntou meu nome e minha idade. Eu disse que tinha 17 e ele falou que tinha uma filha da minha idade. “Você não quer dar um rolé comigo não?” Como assim? Louco né?

Aqui rola muito assédio. Até na hora de abrir e de fechar. Passa carro buzinando, gente gritando “gostosa”! E poxa, eu trabalho de uniforme, com calça de homem, um blusão G, tá ligado? Não tem nem como ver curva nem nada, não tem nada a mostra pras pessoas fazerem o que elas fazem. É meio ridículo o jeito que as pessoas me tratam, mas é isso. Isso é um pouquinho da minha história aqui no Lava a Jato, um pouquinho das coisas ridículas que acontecem, rsrs”.

http://prensadebabel.com.br/index.php/2020/09/03/polis-notas-politicas-da-babel-nesta-quinta-03/

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