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Fine Line: a tendência em tatuagem que sintetiza a evolução

Fine Line: a tendência em tatuagem que sintetiza a evolução
Fine Line: a tendência em tatuagem que sintetiza a evolução

De acordo com o último Censo do IBGE (2023), no município de São Paulo vivem 11.451.245 pessoas. Dentro desse grupo, a Prefeitura de São Paulo estima que mais de 360 mil imigrantes residam legalmente na cidade, isso sem levar em consideração os incontáveis fluxos internos de um país de dimensões continentais.

Neste contexto, repleto de matizes, a tatuagem surge como um documento da passagem do tempo e uma expressão artística de grupos diversos. Segundo a pesquisadora Mirela Berger (2000), as pinturas e tatuagens fazem do corpo um registro de escrita, uma pele social onde se podem ler as principais estruturas da vida nativa e os seus significados.

Atualmente, um dos estilos que mais tem popularidade é o fine line, traços finos e com aplicação ágil. “Uma das vertentes da old school americano é a fine line, que surgiu nos 1980 dentro da cultura biker e chicana, com a proposta de fazer tattoos de linha fina, mais detalhadas e, às vezes, usando só uma agulha na técnica conhecida como single needle. Pelas suas possibilidades e solidez, ela ganha diversas interpretações nos dias de hoje”, afirma Henrique Costa, tatuador.                                                               

Nos anos 2010, o avanço tecnológico possibilitou que mais pessoas tivessem acesso aos dispositivos móveis e acesso à internet de alta velocidade. Na democratização de acesso foi natural conhecer mais bandas e suas referências estéticas, sendo uma delas a tatuagem tradicional americana. 

“Eu só comecei a tatuar por causa da música. Foi a minha referência principal, eu via o Henry Rollins e o pessoal do Black Flag pela internet com aquelas tatuagem loucas e das antigas. Todo mundo com tatuagens muito coloridas, isso foi muito forte para mim. Me deu vontade de fazer parte daquele mundo”, comenta Bruno Silvério, tatuador.  

Antes, a conexão do jovem urbano não era só mediada pelos celulares e a internet, mas pelo que era visto e reproduzido nas ruas. Neste cenário, de virada dos anos 1990 para 2000, a arte urbana, principalmente, o grafite, influenciou a tatuagem de muitas pessoas.  

“Comecei como grafiteiro. Todas aquelas referências de letras com preenchimento e as cores fortes que chamam a atenção nos muros das cidades impactaram na minha formação como tatuador. Eu e muitos da minha geração, trouxemos estas referências para a nossa tatuagem em um estilo que ficou conhecido como New School, que se utilizou da tradição para traduzir a tatuagem ao que vivíamos”, complementa Márcio Duarte, tatuador. 

Antes das conexões urbanas e digitais serem o dínamo referencial da tatuagem culturalmente, as migrações de tatuadores emblemáticos para o Brasil marcaram a evolução da tatuagem no país. Ivan Szazi chegou a São Paulo com outros dois amigos húngaros, Misi e Lazlo, e consolidou uma escola de tatuagem oriental na América do Sul. 

De acordo com o livro, Uma história da Tatuagem no Brasil, o primeiro tatuador do Brasil também é tido como o estrangeiro. Knud Gregersen, o Tattoo Lucky. Ele foi um marujo dinamarquês que atracou no Brasil em 1959 e se registrou na Delegacia de Estrangeiros como pintor e desenhista. Atuou como tatuador em Santos por muitos anos e chegou até a ser personagem para escritores como o dramaturgo Plínio Marcos. 

Ainda de acordo com a obra escrita por Silvana Jeha, a história da tatuagem no Brasil é contada por diversas cores e linhas de vida de muitas pessoas que migraram para cá trazendo a sua cultura e de brasileiros que conectaram os seus traços com outras referências. A riqueza da tatuagem brasileira surge da multiplicidade de histórias, estilos, línguas e tintas. 

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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