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Um relaciomento rápido em que nunca levei a criança pra ele conhecer (Semana Marcelo Lartigue)

Marcos mostrando o Perú (essa piada infâme estaria no jornal com certeza) e também seu Carapeba
Marcos mostrando o Perú (essa piada infâme estaria no jornal com certeza) e também seu Carapeba

 

Por Marcos Serpa

Não sei se chega a ser uma homenagem ao Marcelo, isso aqui tá mais para “Minhas memórias na redação d´O Perú”, mas é gostoso relembrar um pouco desses dias por lá e como ele foi importante em ajudar a me reconhecer na profissão que escolhi. Vamos lá…

Nota da Redação: Depois de Marcos outro personagem de Araruama frequentou muito a redação do Perú. Na foto vemos um exemplo de matéria lixo que as vezes também saía no Perú e as vezes sai em  qualquer jornal sério do mundo. VEJA  bem, aqui no Brasil tem revista e  jornal “sério”  que saim uma matéria igual a essa todo dia, ou semana

Bons e saudosos tempos passei na faculdade de Jornalismo durante a graduação da primeira turma formada pela UVA em Cabo Frio pelos idos de 2009. Em mais um (geralmente entediante) trabalho passado pela professora, cada grupo de alunos deveria procurar um veículo da região e fazer um vídeo sobre ele. Na apresentação de alguns colegas, eles ainda pareciam estar chocados com o que viram ao pegarem o Perú Molhado como material de estudo. Tudo o que a faculdade nunca nos ensinaria (e menos ainda, contaria que existe), estava ali na tela, apresentado em um papo regado a cerveja, entre outras coisas, lá na redação do periódico. Fiquei um pouco sem graça ao perceber ao final da apresentação que o único empolgado a bater palmas para o que vira parecia ter sido eu…

 

 

 

As reações gerais à redação do Perú e seus entrevistados (Marcelo Lartigue e Sandro Peixoto) foram diversas, do horror aos risos. Alguns mais sensíveis chegaram até a questionar a escolha da carreira jornalística. Outros acharam sensacional. Teve quem procurasse onde estaria o suposto glamour da profissão. “Isso que é jornalismo?”. Sabem de nada, inocentes…

Claro que já tinha ouvido falar, e muito bem, do maior jornal de Búzios. Mas confesso que só de longe, morando aqui em Araruama. Até que um dia, a colega me deu a dica: “Vaga de estágio no Perú Molhado aberta. Vai que é a sua cara”. Na hora não sei se foi um elogio, mas tenho certeza que acabou sendo. Depois soube que a tal vaga já tinha sido oferecida para uma meia dúzia de pessoas, que acharam melhor procurar outra opção. É, aquele vídeo do trabalho acadêmico traumatizou uma geração de jornalistas na Região dos Lagos.

Nem pensei duas vezes. Tudo conspirava a favor. Afinal, morava pertinho, a apenas 70km, e em menos de duas horas e meia só na viagem de ida nos confortáveis ônibus urbanos locais eu já estaria na redação. O valor da bolsa-estágio também deveria ser maravilhoso, a ponto até de cobrir minhas despesas de pai de família (eu já era quase quarentão àquela altura). Meu subconsciente me fez ignorar todas as impossibilidades, liguei marcando, e fui.

Marcelo me recebeu entre simpático e desconfiado. Quando soube que eu era de Araruama, perguntou logo pelo ex-prefeito Chiquinho e o que achava dele. Na época, o Atacadão era uma espécie de referência (digamos que não exatamente positiva) de Araruama em Búzios. Me admitiu na hora às risadas, quando terminei de falar.

Os primeiros dias na redação foram sensacionais. Dariam um textão de dez páginas, que vai ficar pra outra ocasião. Vi acontecer e ouvi histórias geniais, almocei umas receitas malucas (estranhamente gostosas) que o Marcelo fazia de vez em quando, assistia e ajudava em todo o processo de criação do jornal, e ainda saía dali encarando a viagem de volta rindo sozinho.

Uma semana depois mais ou menos, Marcelo viajou para Israel em mais uma de suas maluquices, passando um bom tempo fora. Mas sempre ligava pra redação e batíamos altos papos, além de nos correspondermos por e-mail. Na verdade, eu nunca entendia muito bem o que ele falava. Acho que nem todos entendiam, e mesmo assim eram conversas hilariantes. É difícil descrever… eu achava incrível perceber que o cara, além de doido, era gênio. Os gênios nunca aparentam perfeição, eles só precisam ser perfeitamente geniais. E como a safra local não era (continua não sendo) das melhores, me sentia de certa forma privilegiado por estar vivendo aquilo ali.

Lá na redação do Perú, pertinho do ponto final do ônibus, convivi bastante também com o Sandro (só vou deixar pra babar o ovo dele falando o que acho depois que ele morrer, não sou desses puxa-sacos aí. Só vou adiantar que sou fã do cara), com a Carol, que além de ser mó gente boa e divertida, me ensinou a diagramar o jornal, e com a Alessandra, ajudando o Perú a crescer comercialmente naquele momento de crise eterna, correndo atrás e botando tudo em ordem, e que acabou se revelando uma potencial ótima jornalista a partir dali.

Eu fazia lá aquelas coisas de estagiário: ajudava a diagramar, atendia telefone, respondia e-mail, arrumava os arquivos… e isso era o que eu mais gostava de fazer: botar em ordem e descartar alguns exemplares que estivessem sobrando para organizar e desocupar espaço. No final do dia, conferia os que ainda não tinha e enchia a mochila com os exemplares, igual criança colecionando figurinha. Assim, montei minha coleção tardia de Perús antigos, que mesmo incompleta, releio com prazer sempre que posso, como referência de estilo. O que me rendeu uma pequena fama de imitão*, que eu prezo bastante nesse caso.

Eu, reles gafanhoto naquele mosteiro, além de humilde e babaca, nunca tive coragem de oferecer uma linha sequer para ser publicada no Perú. Contentava-me em ver meu nome como assistente de diagramação na ficha técnica do jornal mais foda que já conheci.

Aguentei cerca de dois meses nessa pegada, mas mesmo nesse curto período posso dizer que Marcelo foi o reitor de uma faculdade paralela de Comunicação que tive a oportunidade de cursar, intensa e intensivamente. Depois, de longe e em silêncio, continuei leitor e fã dele, do seu Perú, e apreciador desse balneário a cada dia (infelizmente) menos fascinante, mas que ainda dá grandes sinais de recuperação. Afinal, um lugar que foi (e ainda é) habitado por tanta gente especial não se deteriora física e culturalmente da noite pro dia.

Falando nisso, Búzios até hoje ainda me passa uma sensação esquisita de sempre me sentir como um estrangeiro de passagem em um lugar sensacional. Parecia um lugar no Brasil, mas não era. Ou era? E para aumentar a nóia, tem o sotaque portenho, inglês, francês, sei lá, vindo de todos os lados. Olha que eu já trabalhei em diversos hotéis no RJ, convivendo majoritariamente com a gringalhada, e não sentia isso. Dá uma sensação de desterritorialização e não-pertencimento perturbadora, pro bem e pro mal. Preciso conversar sobre isso com um psicólogo, ou beber menos antes de escrever. Quem sabe assim eu consiga pensar em mudar para lá um dia…

 

Marcos mostrando o Perú (essa piada infame estaria no jornal com certeza), e também seu Carapeba

* Alguns anos depois, criei um jornal chamado “O Carapeba” que circulou em Araruama até 2012. Para meu orgulho, alguns poucos por aqui o apontavam como uma cópia (malfeita?) do Perú. E eu nunca me preocupei em imitar nada, era natural, espontâneo. Impossível ter essa pretensão diante da admiração que tenho pelo Perú Molhado. No máximo, tentei escrever, com todas as limitações, algo em Araruama com o espírito parecido com o que o Perú fazia em Búzios. Até porque não existe receita de Perú, nesse caso. Dá pra usar alguns ingredientes próximos e fazer alguma coisa que lembre de longe. O Carapeba, filho bastardo e sem exame de DNA do Perú e da genialidade de Marcelo (nunca tive coragem de levar a criança pra ele conhecer, putz), foi muito bem recebido por aqui enquanto durou. Araruama e Búzios, cada uma tem seus personagens, encantos e desencantos, talentos e destalentos. (E quando um daqui tenta cruzar a linha imaginária e vai parar aí, não me pergunte o porquê, sempre dá merda… mas isso já é outra história!)

 

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