Nem sempre escolhemos o caminho que seguimos – às vezes, ele nos escolhe. Para Rosangela Pereira da Costa, espiritualmente conhecida como Girija, essa verdade se revelou de maneira profunda quando um chamado inesperado transformou sua vida e a levou de Campo Grande (MS) para Búzios (RJ).
Sua jornada começou com a Deeksha, uma prática espiritual que a conectou a mestres e ensinamentos que moldariam seu destino. Durante uma meditação, teve uma visão marcante de um lugar exuberante, repleto de pássaros coloridos, sem saber que, anos depois, encontraria esse cenário na Praia das Caravelas.
O encontro com seu destino se concretizou em 2016, quando, após um retiro espiritual, sentiu que já não pertencia mais à sua antiga vida. Com o convite para cuidar do Ashram da Praia das Caravelas, não teve dúvidas: seu caminho a levava para Búzios. Desde então, sua história se mistura à energia mística do local, onde encontrou não apenas um lar, mas uma missão espiritual.
No depoimento abaixo, Girija compartilha sua trajetória, os desafios enfrentados e como a energia de Búzios e Caravelas a transformou para sempre.
Minha Jornada até Búzios e a Praia das Caravelas
Nunca soube falar pouco quando conto minha história, então vou tentar organizá-la da melhor forma. Minha vinda para cá começou com a Deeksha, por intermédio de Abisheik.
Sou de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e comecei a meditar em 2013 ou 2014 com ele e com o Deeksha. Abisheik tinha uma pequena loja de artigos esotéricos no centro da cidade e conduzia as práticas lá. Depois de um ano, ele foi para a Índia e ficou por lá um tempo, até vir para Búzios. Eu continuei meditando e me aprofundando cada vez mais.
A primeira vez que o Gurudhi veio ao Brasil, ele passou por Campo Grande, como sempre fazia. Nesse período, fiz minha iniciação na Deeksha e, mais tarde, a iniciação do meu nome espiritual com ele. Esse momento transformou minha vida por completo.
Foi também durante uma dessas Deekshas que tive uma visão inesperada. Eu não sou de ter visões, é raro para mim, mas, por duas vezes, vi um lugar de natureza exuberante, cheio de pássaros coloridos. Não fazia ideia de onde era, mas a imagem me tocou profundamente. Contei para Abisheik, e ele percebeu minha emoção.
Em 2016, quando Gurudhi voltou ao Brasil, participei de tudo. Depois, ele e outros foram para Búzios, onde inaugurariam o Ashram na Praia das Caravelas. Por coincidência, minhas férias caíram no mesmo período. Eu nunca tinha vindo ao Rio de Janeiro e vim sozinha. Cheguei completamente perdida, mas fiquei encantada com a natureza desse lugar. Quando finalmente caminhei até o Ashram para participar do retiro, algo dentro de mim dizia: “Agora você chegou em casa”.
Naquela fase da minha vida, eu já tinha abandonado alguns hábitos, como beber álcool e comer carne. Estava em um momento muito sutil, entregue às práticas espirituais. Durante o retiro, me senti tão conectada ao lugar que, no último dia, uma amiga de Campo Grande me disse: “Amanhã voltamos para casa”. Por um instante, eu congelei.
Tentei lembrar o que era Campo Grande, mas não conseguia. Fazia apenas nove dias que eu estava em Búzios, mas parecia que fazia 50 anos ou mais que eu não voltava para lá. Quando finalmente lembrei da cidade, da minha família e da minha vida anterior, senti uma angústia profunda e comecei a chorar. Minha amiga ficou assustada, mas eu sabia: algo tinha mudado dentro de mim.
Voltei para Campo Grande, mas sentia que 99% de mim tinha ficado em Búzios. Estava triste, não conseguia parar de pensar no que tinha vivido. Até que, dez dias depois, recebi uma mensagem de Abisheik perguntando se eu queria ir para Caravelas cuidar do Ashram, já que ele e os outros viajavam muito e não poderiam deixar o espaço sozinho.
Aceitei na hora. Pedi apenas 30 dias para organizar minha vida, mas, antes mesmo do convite, tudo já estava se alinhando para que eu viesse. Eu não contei para minha família porque sabia que seriam contra. Apenas alguns amigos e parentes souberam, mas tentaram me convencer de que não era certo. Mas eu sabia que era.
Cheguei a Caravelas em 2016. Aqui, muitas coisas aconteceram. Laura, que coordenava o Búzios Espiritualidade, percebeu meu interesse pela meditação e yoga no hotel e comecei a ajudar voluntariamente. Primeiro duas horas, depois três, até que fui contratada. Trabalhei nos dois espaços – o hotel e o Ashram. Foi um período intenso, de aprendizados, desafios e evolução. Fiz iniciações, retiros, cursos e terapias. Me tornei Reikiana e aprofundei meu conhecimento sobre hinduísmo.
Depois de um tempo, lembrei da minha visão dos pássaros coloridos. Eles sempre estavam ali, pequeninos, pousando ao meu redor. Aquele lugar que eu vi em minha visão era aqui. Esse era o chamado que eu sentia antes mesmo de saber o que significava.
A energia de Búzios é forte, mas Caravelas é ainda mais intensa. Aqui, sinto a presença de Deva, e quem chega até esse lugar, chega por um chamado. Cada um tem uma missão aqui, e a minha ainda está se revelando.
Desde muito antes da Deeksha, eu já trabalhava com energia. Esse lugar é de cura, e os relatos de pessoas que chegam aqui sem nem saber como vieram reforçam isso. Precisei aprender a me centrar, porque onde há luz, há sombras.
Sou grata a todos que me acolheram aqui. Laura e Franklin, que foram minha primeira família espiritual, e a Hugo e Luciana, que mesmo antes de morarem aqui, me acolheram com muito carinho e amor. Luciana sempre me apoiou, e Hugo, da forma dele, também. A energia desse lugar acolhe a todos.
Já pensei em ir embora algumas vezes, mas sempre sinto uma força maior dizendo que ainda não é hora. Mas ir embora para onde? Para Campo Grande? Não. Meu lar é aqui.
Se for da vontade de Deus que um dia eu precise partir, que assim seja. Mas se eu puder escolher, quero ficar aqui até meu último respiro.
Edição 1 – fevereiro 2025 Noticiário das Caravelas
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Está publicação tem apoio da Associção Civil Village Praia das Caravelas