Também conhecido como Thiago
Por Victor Viana
(foto Gabriel Castaldim)
O Homem Borboleta vende beleza em Paraty desde uma segunda-feira, 12 de Março de 2002, ele lembra muito bem. Ele pediu um sinal a Deus, pediu ao Todo Poderoso que abrisse seu caminho.
Ele tinha perdido 122 borboletas em uma fiscalização na cidade de Aparecida- SP, onde fica a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, uma Mãe de Deus negra. O Homem Borboleta, que às vezes é chamado por alguns de Thiago, caminhou por todo o Vale do Paraíba, “fugindo do Rapa” -ele disse, até um Posto de Gasolina.
Pela estrada do município de Cunha chegou ao Alto da Serra da Bocaina, foi lá que pediu o sinal de Deus. “Um professor de ginástica e sua esposa me deram uma carona de carro e me deixaram na beira de um caminho.”, conta deixando claro que não tinha muita ideia do que poderia acontecer. O Homem Borboleta tentou dormir ali no alto da Serra. “Havia um galinheiro aberto. Tentei passar a noite por ali, mas era muito gelado lá em cima.”, disse rindo.
O Homem Borboleta tem vários livros escritos e publicados, além de vender borboletas coloridas. Um de seus livros escreveu quando esteve preso em Changai, na China, preso por vender borboletas nas ruas. Suas borboletas são Made In China. Foi por isso que passaram o rapa em 122 de suas belezas aladas sob os olhos da Mãe de Deus. “Eu não tinha o documento que me permitia vender na rua. Mas precisava comer, precisava viver. Tinha de vender minhas borboletas.”, conta sem mágoas e sem culpa.
Os livros do Homem Borboleta são bilíngues, “são em Inglês/ Português e em Português/ Inglês, você escolhe”, ele ri do que diz. Prestes a fazer 64 anos, uma idade considerável para um homem e uma idade avançada para uma borboleta, contou que caminhou então 12 horas sem parar, segundo relato dele mesmo, e então o caminho se abriu, como tinha pedido ao Todo Poderoso. Paraty. O Homem Borboleta estava em Paraty, no Rio de Janeiro.
Surpreendeu-nos ao contar que está há 11 anos e quatro meses, contados, na cidade, mas que não mora em Paraty. Na cidade histórica, que Deus mostrou a ele, apenas ‘ganha a vida’. Mora mesmo é em Queimados, na Baixada Fluminense.
Texto escrito em 2013 para O Perú Molhado e que nunca foi publicado. Esse ano O Prensa de Babel pretende cobrir a FLIP.