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Cidades

Durante e depois? As Periferias e o isolamento social

Se proteger da morte vinda pelo vírus e se proteger da morte vinda pela pobreza/ Agência Pública

A crise sanitária evidenciada pelo COVID-19 é nítida. Também é nítida a angústia, o desespero e a incerteza diante do quadro apresentado. E por todas as orientações possíveis para se tentar conter o contágio, a partir da ciência, óbvio, há uma certa incredulidade, ou melhor, há uma defesa de que é coisa de menor escala, de que vai passar e voltaremos a normalidade.
Seja o que for a normalidade, a quarentena sugerida e decretada mostra variáveis de pessoas que se expõe ao vento, pessoas que precisam se expor, pessoas que não ligam e pessoas adeptas a teoria de conspiração. Entre as pessoas que precisam se expor, temos a periferia e como a periferia não é exatamente uniforme, as que não ligam e os teóricos da conspiração, também estão nela.


Só que existe uma diferença básica: periféricos que estão trabalhando, nos mercados, nas farmácias e hospitais, aqueles fazendo os trabalhos informais, como de pedreiros e auxiliares de serviços, aqueles que estão nos caminhões, distribuindo mercadorias, aqueles que continuam nos sinais e outras atividades nas quais não se dá pra dispensar por conta da renda.
Só que tem aqueles que continuam frequentando o bar do bairro, que continuam fazendo festinhas, com churrasco, as crianças brincando nas ruas e tudo mais. Existe uma parte de pessoas, periféricas, que estão no contato com outras pessoas, sem isolamento, sem nada.


Assisti um vídeo sobre Cabo Frio na quarentena, com lugares vazios, com aquela mensagem de esperança de quem em breve tudo voltará ao normal. Pois bem, os centros das cidades realmente estão vazios, fato, mas a cidade é maior do que o centro e aquela leve impressão de que desassistência reinante de sempre, ocupa ares de intensidade, neste período.


Uma periferia já cansada da falta de ações efetivas de várias e várias gestões municipais, com prefeitos diversos, enxerga o COVID-19 como algo sério, sem dúvida, mas diante de um contágio e de uma continuidade de uma vida, com suas precaridades inerentes, prefere continuar vivendo e caso há contaminação, se vê o que faz.


Antes de qualquer proteção social – lenta e longe de ajudar a maioria das pessoas – o descrédito com aquilo que é assistência pública, tem que ser levada em consideração no combate efetivo ao que podemos chamar de maior crise de nosso, então, século XXI.


As urgências de resolução humana passam pela questão sanitária, alimentar e ambiental. Questões que para quem é da periferia, são problemáticas a ponto de modificarem destinos, ditarem oportunidades e vidas. Nunca foi apresentado uma solução eficaz de ampla duração e porque seria a Quarentena, a solução pros problemas evidentes?


A ciência diz que sim e seria uma resposta padrão, sem contestação, mas sempre depois de uma crise dessa magnitude, a periferia recebe uma conta passível de despejo, despejo da existência. Estamos num momento em que se precisa de fato pensar sobre a noção de quem é descartável ou não, de quem é produtivo ou não, de quem vale viver ou não.


E não são opções, a lógica está errada. A periferia sempre soube disso e o COVID-19 só reverbera o quanto lavamos as mãos só para salvar quem pode consumir ou servir de propaganda de dias felizes. Gente, esse mundo já era…

Este é um artigo de opinião de responsabilidade do seu autor e não representa necessariamente a opinião do Jornal.

Fábio é professor, rapper e vadio. Escreve para a Prensa

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