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Despejo de água no canto esquerdo de Geribá chega até o MPF

Água escorre de canaleta para a areia da praia. Imagem: Arquivo Prensa de Babel
Água escorre de canaleta para a areia da praia. Imagem: Arquivo Prensa de Babel

Após reclamações de quiosqueiros e frequentadores da praia de Geribá, o problema de despejo de água no local vira pauta em Búzios

A inconveniência de ter que passar diariamente por transtornos por conta do despejo irregular de água no Canto Esquerdo da praia de Geribá tem provocado indignação em quiosqueiros que trabalham naquele local. Todas as manhãs, a mesma cena, um funcionário abrindo caminho para a água que desce pela faixa de areia até o mar. O incômodo não é apenas dos trabalhadores, mas também de turistas e moradores que frequentam o local. Após diversas reclamações, o problema chegou ao Ministério Público Federal (MPF)

Quiosqueiros procuraram a Prensa para denunciar despejo irregular água no Canto Esquerdo de Geribá / foto arquivo Prensa

Diante da repercussão, a Prensa procurou alguns profissionais, ambientalistas, a Prefeitura de Búzios e a Prolagos, empresa responsável pelo tratamento de água e esgoto no município, para entender o que de fato acontece naquela localidade, e com isso, retomar as discussões para enfim, encontrar uma solução para o problema que vem se repetindo há pelo menos 12 anos. 

Nicole Speroni, Engenheira Civil.

Nicole Speroni, Engenheira Civil, explica que o despejo que ocorre na praia deveria ser apenas água da captação do sistema pluvial (água da chuva), ou seja, do sistema de drenagem. Se está em um período onde não ocorre chuvas e há um despejo, indica que há nesta rede de drenagem algo irregular. Em Búzios, não chove desde o início de 2021, há 35 dias. 

De acordo com o arquiteto e urbanista, Octavio Raja Gabaglia, no local, pode haver tanto água vinda do subsolo, quanto, provavelmente, água de ligação de galeria de esgoto à galeria de água fluvial. Segundo o arquiteto, existe a grande possibilidade de que a água despejada na praia seja suja. Octávio explica que no ano de 2006, ele iniciou um sistema em que a água era bombeada, através de uma tubulação, para rede de água pluvial e caía na Lagoa de Geribá, porém o mar arrebentou esta estrutura e, desde então, ela ficou abandonada.

Sobre o local, ele explica: “É um minadouro de água de subsolo e, provavelmente, eu diria aqui muito provavelmente, somado às ligações do sistema de drenagem na rede de água pluvial”.   A maneira de resolver, segundo Octavio, seria criar um sistema com uma elevatória, que capta a água de chuva, levando-a até a elevatória que lança na rede que deságua na Lagoa de Geribá. Ele explica ainda que “a primeira coisa que precisa ser feita, é desligar todas as ligações clandestinas da rede de água pluvial. Segundo, é refazer a rede de água pluvial direcionando-a a uma elevatória”, esclarece.

Água que escorre para a areia da praia. Imagem: arquivo Prensa de Babel

 Monica Casarin Fernandes, diretora da Associação de Moradores e Caseiros da Ferradura (AMOCA) e ex-membro e fundadora do Conselho Municipal do Meio Ambiente, explica que em Búzios há três formas de lidar com o esgoto, sendo estes o sistema de fossa, a rede separativa de esgoto; construída pela Prolagos, que leva por meio de tubulação separada os esgotos das residências até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Outra modalidade é o sistema de tempo seco, o mais utilizado na região e em Búzios.   

Estação de Tratamento de Esgoto de Búzios, bairro São José. Imagem: Reprodução/ Prolagos

De acordo com Casarin, esta rede separativa existe, mas não atende a todos do bairro. Ela explica, porém, que se todos fizessem a ligação onde há a rede, diminuiria consideravelmente o problema de despejo na Praia de Geribá. “Na maior parte das vezes, após chuvas, quando acumula muita água na rede de drenagem e vai eliminando ali (na praia); quando aumenta a população, o número de pessoas que estão usando os toalhetes, ou quando estão fazendo limpeza de cisternas e piscina (drenagem), e vão jogando tudo isso na rede pluvial, que vai retirando aquele esgoto acumulado e vai jogando na areia. Se todo mundo estivesse ligado na rede de drenagem, acabaria. Não teria mais essa língua negra”, afirma.   

Quiosqueiros tentam conter a água que é despejada na praia criando contenções improvisadas. Imagem: Arquivo Prensa de Babel

De acordo com Monica, a Prefeitura não realiza a fiscalização adequada e muitas residências não têm pontos de rede de drenagem próximos. Segundo ela, alternativas para esta questão já foram sugeridas pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, para ajudar aqueles moradores que não têm condições financeiras para fazer a ligação. As sugestões seriam empréstimos na Caixa, pago pela Prefeitura; através da Prolagos, que faria a ligação e depois cobraria uma mensalidade pequena dividida entre os contemplados, ou através de uma obra. “A solução para esse local e esse problema, é simples. É só fazer as pessoas se ligarem na rede”, finaliza ela.

Denise Morand, arquiteta, ativista e Conselheira do Meio Ambiente

A arquiteta, ativista e Conselheira do Meio Ambiente, Denise Morand, explica que a drenagem da área do Canto Esquerdo de Geribá é direcionada para o mar, obedecendo o relevo natura do local. Com isso, todo o esgoto da área vai para o mesmo lugar. Para reverter a direção do esgoto, fazendo com que os resíduos líquidos voltem e então sejam direcionados para a ETE, é necessário bombear os efluentes para combater a diferença de nível.  

 De acordo com a arquiteta, diante destas questões, a solução para o problema consiste na separação da água de chuva do esgoto, construindo assim uma rede separativa. Morand afirma que o mais importante é providenciar as ligações domiciliares à rede de esgoto e o desligamento delas da rede de drenagem. Sem essa providência, não adianta ter rede”, explica ela.   Denise afirma ainda, que seria necessário rever o contrato com a concessionária de saneamento básico que atende o município e incluir nele a construção da rede de coleta de esgoto, banindo assim o sistema de “tempo seco”, que segundo ela, é um crime ambiental.   

SISTEMA DE TEMPO SECO  

Denise explica que o sistema de tempo seco consiste em captar o esgoto com as manilhas de concreto que captam as águas pluviais. Neste sentido, a rede de drenagem também é utilizada para captar o esgoto. A drenagem, água limpa da chuva, deve ser escoada para nas lagoas e o esgoto, deve ir para a Estação de Tratamento. Como o sistema capta os dois juntos, tudo é lançado ao mar.   “Teoricamente, o sistema de tempo seco deveria encaminhar o esgoto para a Estação de Tratamento quando não chove. Quando isso acontece (a chuva), como aumenta muito o volume, a Estação não dá conta de filtrar”, esclarece Morand.

MEIO AMBIENTE  

Davi Ohana, Técnico Ambiental, explica que dependendo do material que está sendo jogado no mar, pode trazer diversas complicações para o meio ambiente e as pessoas que frequentam praia. Para compreender melhor os impactos, é necessário fazer uma análise do material que está sendo despejado.   

“Dependendo do impacto, pode gerar muita coisa. Ali é uma praia que muitas pessoas frequentam. Elas podem pegar certos tipos de doenças. Pode trazer também uma péssima qualidade de balneabilidade da água de Geribá e podendo poluir a mata que existe ali em volta, os corais que existem, as espécies de animais que existem na água. É um problema que pode se gerar para o município muito grande e abalar muito o ecossistema marítimo da praia”, explica o técnico.  

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

  A repercussão do assunto chegou até o Ministério Público Federal (MPF) que, por meio de despacho, cobrou respostas à Prefeitura de Búzios e da Prolagos, concessionária de água e esgoto que atende o município. Segundo o despacho, o despejo do resíduo líquido na praia pode configurar crime ambiental. O Ministério deu um prazo de 20 dias para que as instituições respondam aos questionamentos do MPF.  

 O despacho solicita que as duas instituições informem as medidas que foram adotadas, de acordo com o que é atribuído a cada uma delas, para sanar os impactos ambientais e punir os responsáveis em âmbito administrativo. O MPF solicita ainda a adoção do procedimento de recolhimento e análise do material em possível convênio com entidade competente, como o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), ‘para verificar os possíveis impactos ao meio ambiente no local e garantir segurança na configuração do crime de poluição’.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE BÚZIOS 

Secretário de Saneamento e Obras e vice-prefeito de Búzios, Miguel Pereira. Imagem: Reprodução

O Secretário de Obras e Saneamento e vice-prefeito de Búzios, Miguel Pereira, afirmou que a água despejada no local é possivelmente do deságue de piscinas, sendo assim, uma água limpa vindo do canal pluvial. De acordo com ele, há uma ação conjunta entre a Prefeitura de Búzios e a Prolagos, para identificar qual a procedência do despejo de água.  

 Ainda segundo Miguel, um estudo foi realizado para detectar quais moradias não estariam ligadas à rede de esgoto disponível e os proprietários serão notificados a regularizar a situação. Ele afirmou que no bairro de Geribá, existem 84 casas que não estão ligadas à rede e que estas serão notificadas. O secretário informou que foi até o local e colheu uma amostra da água para ser analisada. Segundo ele, será iniciado um trabalho de identificação da origem da água.  

Miguel Pereira em visita ao local. Imagem: Reprodução/ Prefeitura de Búzios

O QUE DIZ A PROLAGOS

A Prolagos apenas respondeu que ainda não recebeu a notificação do Ministério Público Federal.

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