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Aula na Câmara de Búzios discutiu projetos para Tucuns

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Praia de Tucuns - Imagem de satélite (Google)

 

 

Por Mônica Casarin

 

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Praia de Tucuns – Imagem de satélite (Google)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos últimos meses, a população buziana ficou sabendo, pelas *redes sociais, de dois empreendimentos programados para Tucuns, que não haviam sido apresentados formalmente à comunidade. Primeiro foi o projeto FlexReef, que cria uma pista de surf artificial com a promessa de ondas perfeitas. O segundo é um projeto de construção de um calçadão em toda a extensão da orla do bairro, com o objetivo de ser um ponto turístico.

Como não havia dados oficiais sobre os projetos, um grupo de cidadãos se reuniu e decidiu correr atrás de informações sobre que eles representam para os moradores do bairro e para o meio ambiente. Daí surgiu a idéia inovadora de fazer um ‘aulão’ sobre o assunto, com técnicos e autores das propostas,  na Câmara de Vereadores.

O resultado desta ação foi, primeiro a percepção de que a população buziana tem à seu dispor um grupo de estudiosos, de várias áreas, que conhecem profundamente o nosso município,  mas cujos estudos nunca são levados em conta para o planejamento de projetos públicos e ou privados no município. O outro ponto a destacar é que, agora, os autores dos das propostas têm em mãos uma gama de informações técnicas que irão lhes servir de base para reestruturarem seus projetos.

E o resultado final deste evento foi a constatação de que as duas propostas levantadas para a praia de Tucuns não são de tudo impossíveis, mas precisam ser melhor avaliadas. Por trás de todo projeto que possa causar algum impacto relevante no ambiente, tem que ter estudos técnicos, dados, informações coletadas. Afinal, é para isto que existem os profissionais estudiosos!

 

‘Aulão’, na Câmara, revelou o que muitos não sabiam

 

 

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Imagem mostra a a situação da erosão costeira no Rio de Janeiro

O evento “Dinâmica Costeira nas Enseadas do Cabo Búzios e Impactos de Estruturas Submersas sobre a Biota Marinha”, foi realizado no dia 09 de outubro, com palestras dos geómorfólogos da UFF, professores doutores Guilherme Fernandez e Eduardo Bulhões; e do biólogo marinho, professor doutor Joel Creed da UERJ;  do empreendedor do projeto FlexReef, o arquiteto Mauro Cid e do vereador Niltinho, autor da proposta do calçadão de Tucuns.

A coordenação da mesa ficou com professora Dalila Silva Mello, bióloga, PHD em Meio Ambiente / UERJ, e também contou com a importante presença do promotor de justiça da Tutela Coletiva Cabo Frio, Vinicius Lameira; da representante da Secretaria de Meio Ambiente, a bióloga Aline Peixoto; dos conselheiros do meio ambiente, guarda parques, moradores do bairro de Tucuns, surfistas, representantes de entidades civis, chegando a um total de 90 pessoas na assistência.

Os geomorfólogos da UFF falaram sobre a dinâmica da erosão costeira nas praias. Explicaram que a movimentação da areia nas praias é provocada pelas ondas. Quanto mais fortes as ondas, mais areia é retirada de um local, e para que essa mesma quantidade volte à aquele trecho é necessário um longo período de ondas ‘mansas’.

Na apresentação, os professores mostraram dados sobre a dinâmica das ondas e movimentação de areia nas praias de Búzios, principalmente a de Tucuns, as quais eles vêem estudando e monitorando, desde 2007.

Em 2010 e 2016 estavam presentes na cidade para monitorar os efeitos das duas tempestades que nos atingiram. E os dados levantados por eles mostram que a de 2010 chegou próxima à categoria 3, com ondas acima de 04 metros, por um período de 24 horas. Isso causou uma grande movimentação de areia nas praias, principalmente em Geribá , Brava, Gorda e Tucuns. Segundo o professor Fernandez, neste ano, a praia de Geribá perdeu entre 66% a 72% da sua areia, enquanto na praia de Tucuns a perda foi entre 11% a 22%. Perda estas que, mesmo depois de 07 anos, ainda não foram totalmente recuperadas.

O professor Bulhões apresentou ao presentes um quadro mostrando que devido a esta dinâmica de movimentação costeira, em um futuro não muito longe, algumas praias da cidade deixaram de existir, entre elas a praia Brava e Tucuns.

Outra informação interessante, é a comprovação de que as areias das praias buzianas são ricas em material biológico, ou seja, restos de animais. Em alguma praias chegam a ter 90% de material biológico na sua composição. Isto significa, segundo os doutores, que a fauna marinha local tem grande variedade e quantidade.

 

Importância de barreiras naturais

Devido a estes fatores, os professores insistiram na importância de se manter as dunas frontais da praia de Tucuns, que hoje exerce o papel de protetora do continente. Simplesmente porque elas servem de “alimento” para a ressaca provocada pelas tempestades, como disse Bulhões: “Se o mar tem as dunas para cavar, não vai conseguir avançar para o interior. As dunas vão reter a fúria das ondas”.

O professoro exemplificou o que pode acontecer, mostrando um vídeo do monitoramento anual que fazem da praia de Morro Alto, em Arraial do Cabo. Como a praia não tem dunas, durante a tempestade de 2010, o mar entrou mais de 01 quilômetro dentro do continente. A preocupação dos professores, hoje, é que esta praia foi praticamente toda ocupada por construções, que fatalmente serão afetadas, e até mesmo destruídas, na próxima tempestade que acontecer.

Outro exemplo recente, lembrado por esta jornalista, é do praia da Macumba no Rio de Janeiro. Construído em 2005, o calçadão da orla já havia sofrido  07  erosões, e nesta última semana a erosão foi tão forte, que praticamente destruiu o calçadão por inteiro, levando consigo quiosques e o ganha pão de muita gente. Sem um estudo e sem projeto, as autoridades do Rio decidiram fazer obras emergenciais para “conter a erosão” ao custo de R$ 14,5 milhões.  Mas, como disse, muito propriamente o biólogo Mario Moscateli, em seu artigo na revista online ‘atoereflexo.com’, “ A Natureza está pouco se lixando a respeito do que quer ou deixa de querer a ‘otoridadi’ e o resultado é esse daí”.

 

A sobrevivência vem do fundo do mar

 

Na palestra do biólogo, professor Dr. Joel Creed, o assunto foi o fundo do mar e a cadeia alimentar que permite a existência dos peixes e aves. Creed é outro profundo conhecedor das praias buzianas, já que em 1996 iniciou aqui o projeto Ecorais. Como um bom professor, primeiro ele explicou detalhadamente à platéia quais os tipos e como sobrevivem os animais aquáticos e como acontece a cadeia alimentar marítima.

Dentre os diversos  grupos de animais, o tipo destacado pelo professor foram os da categoria dos Bentos, que vivem em permanente contato com a areia do mar. Entre eles esta o grupo de microbentos, que são protozoários e bactérias que vivem entre os sedimentos arenosos. Desde grupo faz parte um indivíduo de grande importância para a manutenção da cadeia alimentar: é a diatomácia, um organismo que devido a sua leveza, é elevado para a coluna de água, com o movimento da maré e serve de alimento para diversos outros indivíduos.

E, segundo o professor Creed, é justamente esse microorganismo que é o X da questão no caso da implantação do projeto do FlexReef. A característica principal desse organismo é a fotossíntese, ou seja ele precisa da luz do sol para se alimentar e reproduzir. Então, onde existir os equipamentos do projeto, esses organismos irão morrer, desencadeando o colapso da cadeia alimentar do local. Com o tempo, peixes e aves ficarão sem alimento.  Como lembrou bem o professor, ainda não se tem idéia do tamanho desse impacto na fauna local, se será grande ou pequeno. Somente um estudo de impacto ambiental poderá dizer.

 

Um calçadão turístico e as ondas perfeitas

 

Após a apresentação dos professores, foi a vez dos autores dos projetos se manifestarem. O vereador Niltinho, autor do projeto de construção de um calçadão na orla da praia de Tucuns, explicou à platéia que, por enquanto, ele ainda não tem o projeto pronto. Ainda está em estudo o tipo de estrutura, a localização, o material etc. Ele já havia participado de uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente, e devido as questões levantadas naquela reunião e da reação da população nas redes sociais, ele preferiu rever o projeto. Disse que quando tiver um projeto pronto, irá levá-lo em audiência pública.

Niltinho disse que ficou muito satisfeito com a organização do evento, que lhe permitiu ter uma grande quantidade de informações que não tinha antes. E, como um bom aluno, alguns dias depois ele foi à campo, na praia de Tucuns, e verificou que realmente nos trechos da praia onde há dunas, a erosão é muito menor.

Já Mauro Cid, arquiteto da FAU-UFRJ, pós-graduado MBA da FG, surfista e autor do projeto da pista de surf – FlexReef -, disse que sua proposta é experimental e temporária – facilmente removível e transportável – e que, ele acredita, não teria nenhum impacto importante no meio ambiente.

Segundo Cid, o objetivo do FlexReef é uniformizar a quebra das ondas marinhas, possibilitando a prática, em elevado nível técnico, dos esportes sobre ondas (surf, kite-surf, wind-surf, standup-surf, etc).

O equipamento é composto por lonas vinílicas cobrindo o fundo do mar, sobrepostas por colchões vinílicos preenchidos com a água marinha. Eles serão amarrados e interligados por um conjunto de cabos náuticos que por sua vez serão ancorados no leito arenoso submerso por estacas-hélices metálicas. Finaliza com outro conjunto de lonas vinílicas para proteger os banhistas.

A idéia do projeto é criar um espaço para escolas destes esportes náuticos no local e testar a eficiência do equipamento para colocar futuramente no mercado. Como contrapartida social, ele propõe liberar o acesso para escolinhas de surf que fazem serviços comunitários de inclusão social.

O projeto teve aprovação e foi selecionado pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) no Edital de Incentivo aos Esportes em agosto de 2014. Também já havia recebido licença da secretaria de Meio Ambiente em 2014, que foi renovada em 2016, sem passar pela análise do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Um novo pedido de renovação foi feito este ano, mas o secretário Cássio Cunha pediu a apresentação do EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto no Meio Ambiente) do projeto.

No final do evento a platéia pôde tirar suas dúvidas e expressar sua opinião. Houve debate – alguns acalorados  – mas no final,  a maioria concordou em um ponto: não é possível ser contra ou favor de nenhum projeto, sem antes conhecê-los bem e os estudo de impacto que eles causariam.

*Nota da redação: O debate nas redes sociais foi iniciado após matéria publicada no Prensa no dia 6 de outubro.

 

Texto jornalistico assinado por colaborador.  Pode ser republicado com citação do autor e veiculo

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