Historicamente, os meses de maio e junho são caóticos para o turismo de Búzios. A baixa frequência de turistas vem desaquecendo a economia local e gerando desemprego. Mesmo que o setor imobiliário garanta que o mercado encontra-se em aquecimento, até com melhor desempenho do que o mesmo período em 2017, alguns estabelecimentos, pousadas, comércios e restaurantes, estão fechando definitivamente suas portas. O motivo, a crise econômica que assola o país, altas cargas tributárias e uma política inexistentes voltada para o desenvolvimento turístico da cidade.
O imóvel na Rua das Pedras, onde funcionou por décadas um tradicional restaurante que a poucos dias mudou de local, com 270 metros quadrados, está sendo alugado por R$ 30 mil mensais, mais a luva no valor de R$ 900 mil e encargos. Do outro lado, uma outra loja, bem menor, com 100 metros quadrados, está valendo R$ 19 mil mensais fora água e luz. Na Orla, uma outra com 70 metros quadrados, custa de aluguel R$ 11 mil 400. O negócio só é fechado com no mínimo de dois anos de contrato com fiador.
A Pousada El Riconcito, em Geribá, próximo ao antigo campo de pouso, fechou suas portas depois de 25 anos atuando no setor de meios de hospedagem. Os apartamentos foram transformados em quitinetes para locação anual. O tradicional restaurante Entre Amigos, no complexo gastronômico Porto da Barra, em Manguinhos, encerrou atividades e deixou de atender seus clientes. Ambos, não aguentaram a pressão financeira para manter suas portas abertas. Segunda a Associação de Hotéis de Búzios (AHB), mais de cinco estabelecimentos de meios de hospedagem encerraram suas atividades.
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SINDSOL), empresário Thomas Weber, lembrou que muitos estabelecimentos optam, neste período, pelo benefício trabalhista das férias coletivas e que as expectativas com alta do dólar são boas para o turismo de Búzios:
“Com a alta do dólar, o brasileiro foi obrigado a refazer seus planos de viagens ao exterior. Altos custos com alimentação e estadia paga em moeda estrangeira, fizeram a demanda por passagens aéreas despencar, obrigando as companhias a anunciarem promoções de até 90%. Assim, a opção da classe média do país por destinos domésticos é cada vez mais nítida. Isso, sem contar, com a demanda de estrangeiros, latinos e americanos que o Brasil vai receber. O visto eletrônico já está contribuindo em muito para esse crescimento”, comentou Thomas Weber, que também é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Búzios.
Sergio Machado, gerente de pousadas, garante que os estabelecimentos têm uma redução em até 30% nos custos fixos mensal da empresa:
“Para se ter uma ideia, uma empresa, cujos dez funcionários entraram em férias coletivas e que moram em Cabo Frio, economizo no orçamento, só com transporte, num total de 26 dias, R$ 2.750,00. Isso sem contar com a economia na conta de luz, água, gás e alimentação dos colaboradores. As férias evitam mais prejuízos para os empresários, possibilitando reformas”, explicou Sérgio.
Desempregado, o garçom Joselito Alves de Almeida, morador no bairro da Rasa, casado, pai de três filhos, foi dispensado do restaurante que trabalhava no último feriado, em plena comemoração do dia do trabalhador:
“Até entendo a dificuldade do empresário em manter as suas portas abertas com toda essa crise econômica no Brasil. O que não desce, é a Prefeitura de Búzios que não faz nada para reverter essa situação. É grande o número de estabelecimentos clandestinos, que afetam diretamente os empresários que trabalham na legalidade. O turismo da cidade já foi melhor.”, desabafa o garçom.
No entanto o setor imobiliário está estável
Todos os anos, com o fim da alta temporada, muitos estabelecimentos comerciais na cidade fecham as suas portas, causando um grande número de desempregados no setor. A informação é do Sindicato dos Empregados em Hotéis, Meios de Hospedagens e Gastronomia, com base territorial nos municípios de Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, Macaé, Niterói, São Gonçalo e São Pedro D’ Aldeia. O órgão não quis revelar números.
Há 40 anos no mercado imobiliário em Búzios, Beto Imóveis garante que o setor está estável, até melhor do que no ano anterior:
“Aos poucos, o setor imobiliário vai ganhando força. De fato, muitos estabelecimentos comerciais fecham suas portas neste período. Este ano, tem muita gente com dinheiro guardado querendo investir em negócios em Búzios”, garante o corretor de imóveis.
Por Gustavo Medeiros
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