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Aviso ao município: O verão iniciou no dia 21 de dezembro

Já é fato. Todo ano ele vem e chega na mesma data. Está marcado em todos os calendários do Hemisfério Sul: dia 21 de dezembro inicia o nosso verão. Há 438 anos, desde que adotamos o calendário gregoriano, é assim. Mas essa data, associada à chegada da estação mais quente e movimentada do ano, lição aprendida na escola, ainda pega muita gente de surpresa. Quem optou por curtir Búzios neste réveillon, chegou lembrando à cidade que o verão começou.

De repente o caos

 O contraste da placa que chama o turista e da tralha utilizada pelo próprio comerciante para impedir o estacionamento de carros em frente a sua loja/ Foto do leitor

Buscando informação sobre o número de visitantes que circulam em Búzios durante o período do ano novo, encontramos há décadas (registrado pela Prefeitura, pelo trade turístico e por diversos veículos de comunicação) o mesmo montante, 200 mil pessoas. Há pelo menos 24 anos, desde a emancipação da cidade, este número aparece, e grita sua presença no trânsito engessado, no lixo que se acumula, nos transportes públicos que não funcionam, na mobilidade urbana que não existe, nas praias loteadas, na generalizada falta de infraestrutura e serviços. E o maravilhoso balneário turístico internacional atravessa os anos sem merecer um planejamento que lhe permita funcionar com decência, no período em que mais recebe visitantes.

Muito se gasta para divulgar a cidade e seus atrativos, mas como chamar mais gente pra festa se não há planejamento para receber os convidados, nem espaço físico para todos? Como chamar mais gente, se a cidade parece esquecer que estas pessoas vão chegar, e não se vê nas ruas iniciativas de organização para recebe-las?

Silvana Cardoso, é comerciante/ Foto Agência Prensa

– Eu passo o ano decepcionada com a infraestrutura da cidade e no verão é pior ainda. Olha a obra eterna da avenida Bento Ribeiro que não termina. Mais uma vez não conseguiram acabar esta obra antes do verão. A cidade fica trancada, engarrafada, os transportes públicos somem, e tudo vira um caos – diz Silvana Cardoso, comerciante.

Ela conta que amigos tiveram que caminhar do Centro até Tucuns nos dias 30 e 31 de dezembro, porque as vans sumiram da via principal. Devido ao engarrafamento, os motoristas optaram por vias alternativas, e quem ficou nos pontos da avenida José Bento Ribeiro Dantas não conseguiu embarcar. Caminhando eles levaram o mesmo tempo de quem estava no trânsito, cerca de duas horas e meia.

De acordo com Geninho Tardelli, presidente da CooperBúzios, cooperativa de transporte público que atende com vans na linha Maria Joaquina – Centro, no verão os motoristas têm autorização para saírem da via principal cortando pelas ruas internas e via alternativa, para escaparem dos engarrafamentos.

– Mas eles só podem mudar o itinerário dessa forma, se a van já estiver lotada e nenhum passageiro precisar descer no meio do caminho. Mas hoje em dia não vale mais a pena seguir pelas ruas internas porque o trânsito está uma loucura. Trabalhar com transporte público em Búzios durante o verão é horrível. Seguindo do ponto final da Maria Joaquina ao ponto final de João Fernandes, a viagem que normalmente dura 45 minutos, no verão leva até três horas. Antigamente ainda valia a pena seguir pela via Alternativa, mas hoje ela se tornou pior que a principal. Não tem por onde escapar.

Geninho estranha a afirmação de que turistas e moradores não tenham visto as vans circulando na avenida José Bento Ribeiro Dantas, e diz que todo ano antes da temporada de verão começar, solicita à prefeitura autorização para acrescentar dez veículos à frota de 60 vans que circulam diariamente na cidade.

– Com mais dez carros circulando a gente pode diminuir o tempo que o usuário fica esperando uma van. Desde o governo do Mirinho, a secretaria de transportes nos cedia o direito de aumentar a frota em dez carros durante o verão. E isso ajudaria muito hoje. Mas o prefeito André Granado e o chefe de gabinete Joãozinho Carrilho não liberaram.

Geninho acrescenta que está à disposição do poder público para parcerias em projetos que contribuam para a melhora do trânsito de uma forma geral.

– Temos grande interesse em ajudar a melhorar esta situação – conclui.

Geninho Tardelli é presidente da CooperBúzios/ Foto Agência Prensa

Não é novidade o fato de todo ano no período de Réveillon, o tráfego literalmente travar, com ruas entupidas de veículos que mal conseguem se mexer. Também não é novidade, o que isso gera de consequências que reverberam em toda a cidade. Mais uma vez o comércio funcionou desfalcado de funcionários, os serviços ficaram capengas, a coleta de lixo não conseguiu atender a demanda, a emergência do Hospital Municipal tinha fila de espera de horas, e muita gente reclamou da experiência que viveu nesses dias.

No TripAdvisor.com, um dos maiores e mais conceituados sites de viagens do mundo, que fornece informações turísticas e permite a opinião dos viajantes sobre os serviços que experimentaram, aparecem queixas diversas. Pessoas que foram atendidas por funcionários cansados, estressados e mau humorados, gente que esperou quase duas horas por um prato de comida, pratos servidos com pedaço de esponja e cabelo, quartos de hotel que não eram arrumados por falta de camareiras, e por aí vai. Uma reação em cadeia de problemas que atrapalham a imagem de Búzios frente ao turismo. E o mais grave, é que todo ano é a mesma coisa.

Pré-candidatos a prefeito apontam falta de planejamento como problema crônico em Búzios

Henrique, Alexandre e Thomas falaram com a Prensa/ InfoPrensa

Para aqueles que pretendem disputar o cargo de prefeito de Búzios  nas eleições de outubro, para assumir em pleno feriado de réveillon na alta estação, os desafios são grandes. O Prensa de Babel buscou ouvir todos que ao longo do tempo têm anunciado seus nomes para a pré-candidatura. Até o fechamento da matéria, os pré-candidatos, Alexandre Martins, Henrique Gomes e Thomas Weber participaram com suas opiniões. Joãozinho Carrilho, a vereadora Gladys e Leandro do Bope, não manifestaram interesse em falar sobre o tema. A vereadora Joice Costa se encontra de licença médica.

 Unanimidade nas opiniões, a falta de planejamento aparece como o problema crônico de Búzios. Entra governo, sai governo, nunca vimos um plano verão que fosse desenvolvido ao longo de todo o ano, e que deixasse a cidade pronta para receber os turistas que compram a ideia que vendemos de local turístico e incrível para passar as férias: praias e natureza exuberantes para o desfrute da temporada de verão.

– Falta planejamento. A gente investe para trazer o turista pra cá para ser massacrado. Há um individualismo muito grande e ninguém se une para ajudar a cidade. Existe a necessidade de se ter um plano diretor de turismo para se definir várias situações, incluindo transporte e capacidade de carga. Mas é preciso unir a cidade em torno disso. Sair do ciclo vicioso da repetição de problemas, e implantar o que a cidade precisa. Mas sozinho não dá, o poder público tem que ter o apoio da comunidade – afirma Henrique Gomes.

Atual vice-prefeito, que esteve a frente do poder Executivo durante os inúmeros afastamentos do prefeito André Granado, Henrique Gomes diz que sem planejamento nada funciona e que o turismo praticado assim, ao longo de tantos anos, pode destruir este grande patrimônio que é Búzios.

– As pessoas vêm pra cá principalmente por causa da natureza, mas na praia é aquela loucura, fiscalização não existe, cada um faz o que quer. A empresa que explora o estacionamento na cidade, da noite para o dia aumentou o número de vagas e saiu pintando de azul os paralelepípedos das ruas para sinalizar os locais de parada dos veículos. Onde não tinha paralelepípedo eles pintaram a grama. Agora o estacionamento está sendo cobrado na Rasa, Cem Braças, e isso é um absurdo! É sugar o dinheiro das pessoas. Estamos vivendo um momento que parece fim de governo, onde tudo pode – acrescenta.

Para Alexandre Martins, que entrou na política como vereador e também já foi vice-prefeito (2009 a 2012), a cidade precisa trabalhar muitas questões de infraestrutura e é claro, planejamento geral.

– Temos que melhorar o nosso receptivo. Quando o turista chega aqui ele tem a sensação de estar sendo explorado. E isso é um convite para o turista nunca mais voltar. Eu vi a abordagem de um cobrador de estacionamento nos Ossos. Turista saiu do carro, o cobrador da empresa veio e perguntou quantas horas ele ia ficar. O turista disse que não sabia porque não conhecia a praia e não sabia se ia gostar. Aí o cobrador disse que precisava saber as horas para cobrar a quantidade certa. Olha que constrangedor! Vi vídeos de populares organizando o trânsito. O tráfego estava insuportável como eu nunca tinha visto. Sei que a bagunça ficou pior porque a prefeitura está há meses sem pagar as horas extras de muitos funcionários, e estes se recusaram a continuar trabalhando fora do horário normal. E isso é mais uma demonstração de falta de visão e planejamento por parte do poder público, um governo que não pensa antecipadamente, e portanto não age, só reage e mal, a problemas que se repetem há anos.

Alexandre destaca que já era hora de se ter uma rodoviária fora do Centro, controle dos horários de carga e descarga dentro da área da península, e plantões médicos 24h nas UBS dos bairros mais distantes do hospital.

– Porque se passar mal no Centro, e na Ferradura por exemplo, não chega no hospital. É muito trânsito. E o PU da Rasa tem que ser ampliado para pelo menos 20 leitos com dois plantonistas, laboratório e raio X. Atualmente o PU da Rasa empurra para o hospital. Isso é falta de planejamento – completa.

Empresário do ramo hoteleiro e atual presidente da Turisrio, Thomas Weber acredita que estudos de capacidade de carga podem ajudar a tornar o verão um período mais agradável para população e visitantes.

– Faltam estudos de capacidade de carga para saber o que comporta as nossas praias. Não adianta dizer que podemos ter mais restaurantes, mais hotéis e resorts, mais lojas, pousadas etc, porque as praias que são nosso principal atrativo, não vão crescer… quantos banhistas cabem em cada praia de forma que todos possam ter uma experiência agradável? Faltam estudos e toda a região cresceu sem planejamento, de forma desordenada. Quantas pessoas cabem no Centro de Búzios? Quantos carros nossas ruas suportam? Na Turisrio estou iniciando este trabalho. Cada município tem suas peculiaridades e estou trabalhando bastante para que a gente tenha estudos de capacidade de carga efetivos, que ajudem as cidades turísticas do estado RJ – revela.

Thomas ressalta que a problemática do verão é muito ampla, porque é uma situação de caos provocada por uma série de acontecimentos. Por isso ele afirma que o verão deve ser pauta permanente numa cidade como Búzios.

– O poder público tem o dever de juntar a cidade e fazer os debates nos conselhos municipais. O verão tem que permanecer o ano todo na pauta dos conselhos de turismo, educação, saúde, meio ambiente, segurança. O poder público não pode fazer tudo sozinho – conclui.Leia mais notícias sobre o verão em Búzios

Prefeitura sem voz

Questionada sobre situações pontuais que surgiram nesta temporada, como o aumento repentino do número de vagas para cobrança de estacionamento por empresa privada, o sumiço das vans do itinerário normal, a falta de mobilidade urbana e de atuação direta dos guardas municipais no trânsito, e a privatização do espaço público, a prefeitura optou por não responder.

Prefeitura não respondeu nossa reportagem/ InfoPrensa

O caso da noite de ano novo na Tartaruga, quando moradores e visitantes foram impedidos de acessar a praia porque seguranças particulares fecharam o caminho para que uma pousada pudesse realizar uma festa para convidados, já é tema de inquérito civil do Ministério Público do Estado RJ. Restringir o acesso de pessoas à praia é prática ilegal e passível de punição.

Como foi a atuação da prefeitura em relação a este caso, e o que a população pode esperar da prefeitura em termos de ação para que casos como este não voltem a acontecer no Carnaval que bate à porta, são questões que vão continuar sem resposta, esquecidas no mesmo lugar que os planos verão e os planejamentos de infraestrutura e serviços que nunca vemos acontecer. Mas a única chance que a cidade tem para responder estas e muitas outras questões, está se aproximando com data marcada. A cada quatro anos esta chance nos é dada, será que desta vez conseguiremos aproveitar? Em outubro de 2020 saberemos.

Reportagem de Maria Fernanda Quintela finalizada no dia 19 de janeiro. O vereador Miguel Pereira ainda não tinha declarado sua pré-candidatura a prefeito.

http://prensadebabel.com.br/index.php/2020/01/31/eu-tambem-quero/

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