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Brasil acima de tudo, Estados Unidos acima de todos!

Foto: Reprodução/Globonews
Foto: Reprodução/Globonews

O discurso de Bolsonaro em Washington gerou um estardalhaço na internet toda; faltou Bolsonaro se curvar diante da magnitude estadunidense. Analisemos o discurso. Para base argumentativa farei uso do seguinte vídeo:

https://youtu.be/ackFb1v7PTA

O presidente é, de fato, muito educado. Ele começa saudando todos os participantes e agradecendo; joga quase três minutos de seu discurso fora fazendo isso.

Depois de florear as saudações, Bolsonaro começa de fato com seu discurso. Vou evitar entrar no quesito religioso de ser temente a Deus e Cristianismo, este é assunto para outra matéria. O que mais impressiona aqui, porém, é a afirmação da similaridade entre o povo estadunidense (conservador) e o povo brasileiro (também, em tese, conservador). Será que o problema desses povos é o crescimento da esquerda e, por isso, estão elegendo os direitistas?

Pesquisa de opinião dos veículos ABC/Washington Post mostra que 60% dos americanos [estadunidenses] reprova presidência de Trump”.

A avaliação de ótimo e bom do governo Bolsonaro diminuiu de 40% para 37%”.

Vale ressaltar que “Bolsonaro inicia governo com menor aprovação que FHC, Lula e Dilma.” Sendo que “Dilma começou governo com 49,1% em 2011”, e Bolsonaro começa com “38,9% avalia[ções da] gestão como ótima ou boa”.

O discurso segue, Bolsonaro decide cutucar a Venezuela. O que chama a atenção, porém, são os dizeres de Bolsonaro afirmando que, Trump, assim como ele, sofreu ataques de mídias esquerdistas divulgando Fake News — nome gourmet para mentira. “Bolsonaro se diz vítima de notícias falsas, mas recorre a ‘fakes’ [mentiras] sobre seu próprio passado”. A parte interessante é a homofobia de Bolsonaro que ele nega existir, declarando que a única coisa que de fato o incomoda é o popularmente conhecido “kit gay”. “’Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater’ afirmou em 2002. Em 2010, voltou à carga: ‘Se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele.’ No ano seguinte, reforçou: ‘Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”‘

Foto: Reprodução/Globonews

Há ainda o machismo que o presidente nega existir em seu discurso: “Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade. (…) Por isso que o cara paga menos para a mulher. (…) Eu sou um liberal, se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”, afirmou em entrevista ao jornal Zero Hora.

Sobre a estratégia de Trump e Bolsonaro, ela tem nome: firehosing. Essa estratégia foi utilizada primeiro por Vladimir Putin, atual presidente da Rússia, depois por Trump e por Jair. “a analogia com o fluxo [de notícias com a] de uma mangueira de incêndio é o ponto de partida para descrever a tática firehosing – derivada de firehose, que significa “mangueira de incêndio”. O nome, especificado no artigo The Russian “Firehose of Falsehood” Propaganda Model – algo como ‘O Modelo de Propaganda Russa Mangueira de Incêndio da Falsidade’ […] Apesar de se dizer vítima de fake news por qualquer motivo, o que vai desde declarações homofóbicas a dados sobre o Brasil dignos de psicodelia argumentativa, o fato é que Jair Bolsonaro e parceiros políticos criam factoides [com o firehosing] e reproduzem acontecimentos que são, no mínimo, questionáveis em inúmeros aspectos.” .

Vale ressaltar que o firehosing é uma técnica antiga, só está sendo reaproveitada agora. O capitão continua expressando todo seu orgulho em ganhar as eleições e o curioso fato do seu grandioso feito: utilizar menos de um milhão de dólares para a campanha. É verdade isso?

Sim, pelo visto Bolsonaro gastou pouco mais de um milhão de dólares “Segundo o extrato final da prestação de contas, a campanha de Bolsonaro arrecadou R$ 4.377.640,36. Foram gastos R$ 2.812.442,38, dos quais R$ 2.456.215,93 foram efetivamente pagos.”

Não podemos esquecer da polêmica na campanha do capitão com relação ao caixa 2. Sobre isso, a Folha de São Paulo e o Exame fizeram comentários pertinentes: “A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada. A Folha apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.”

“’São ilegalidades que se confirmadas, são bastante graves’ diz Fernando Neisser, coordenador da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político) […] ‘As regras não se limitam aos candidatos, e sim ao conteúdo eleitoral. Eu mesmo, como cidadão, não posso impulsionar um conteúdo eleitoral’ diz Diogo [Rais, professor de direito eleitoral na universidade Mackenzie].”

“De acordo com o advogado Guilherme Salles Gonçalves, especialista em Direito Eleitoral e membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, a prática revelada pelo jornal pode ser enquadrada como um caso […] clássico de caixa 2 duplamente qualificado. ‘Primeiro é um caso de gasto a favor da candidatura vindo fora do orçamento da campanha. Depois, é feito por fonte vedada [oculta]. A decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu doação de empresa a partidos e candidatos em qualquer momento, sobretudo em campanha eleitoral’ explicou.’A punição não tem gradação. Ou cassa [a chapa]
ou não pune.”’

“Amém, amém vos digo: ei de conhecer a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32). De acordo com Bolsonaro, essa é a passagem bíblica que inspirou-o a levar sua campanha. Estamos fazendo uma matéria que procura entender o que é verdade ou não num discurso do presidente e, até agora, foram 974 palavras. Enfim, cabe a cada pessoa julgar de acordo com os seus dogmas se existe ou não uma contradição aqui.

Creio, contudo, que podemos responder Bolsonaro com uma frase do mesmo evangelho: “Este é meu mandamento: que vos amei uns aos outros, tal como eu vos amei.” (João 15:12). Por que cultivas o ódio, presidente?

A redundância costumeira do capitão leva-o, novamente, a atacar o PT e dizer que o PT é antiamericano (antiestadunidense). Será verdade? Em um artigo de 2005 o Doutor e pesquisador em Ciências Políticas, Marcelo Fernandes de Oliveira, aponta de forma imparcial os ganhos e perdas durante o governo Lula e o governo FHC nas alianças com os Estados Unidos e outros países. O artigo apresenta uma série de informações sobre o funcionamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a estratégia de FHC/Lula de trabalhar com blocos econômicos fora os Estados Unidos e a União Européia. Não haviam ações antiestadunidenses, apenas o mais puro liberalismo econômico.

“Sou admirador de Ronald Reagan, que dizia que o povo que conduz o Estado e não o contrário.” Afirma Bolsonaro. Na verdade, essa frase de que o povo deve conduzir o Estado saiu de Karl Marx. “Marx admitia que sociedade civil e sociedade política seriam duas esferas sociais separadas: a primeira, o conjunto de carências individuais e fins particulares; a segunda, o grupo social especializado, cuja função seria ‘identificar’ e ‘gerir’ os interesses gerais.” E ainda, a “política da burocracia de Estado assume, tendo em vista assegurar os interesses das classes dominantes, quais sejam, a propriedade privada burguesa e as relações de exploração.”

Pelo visto, o marxismo cultural invadiu até o discurso do presidente. A parte cômica disso é que Bolsonaro, o liberal conservador, logo depois de resumir o objetivo de movimentos comunistas, diz que o Brasil teve uma drástica mudança de ideologia…

E, para fechar, Bolsonaro comete o ultraje de citar seu amor as armas quando diz que deseja explorar alianças econômicas e bélicas com os Estados Unidos. No mesmo em que Bolsonaro diz isso para fechar seu discurso (março), dois atentados armados ocorreram em dois cantos do mundo: o massacre na escola de Suzano e o massacre na Mesquita da Nova Zelândia. Como diria Renato Russo, “vamos celebrar nosso Estado que não é Nação”…

Diego Carvalho, jovem de dezoito anos, mineiro, é estudante do terceiro ano no curso técnico de hospedagem do Instituto Federal Fluminense, aos quinze anos – quando mudou-se para Búzios –, começou a se interessar e aprofundar o conhecimento sobre ciência política e história. Agora segue recebendo sugestões para que opine e faça divulgação científica de temas contemporâneos.

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