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1968 e a Grande Recusa

 

1968 são muitos anos dentro de um só. Há meio século, o Reverendo Martin Luther King, terminava os seus dias aqui na Terra com um tiro desferido por um pistoleiro. King, que pregava a não violência como prática política, tombou por causa dela.

Em Paris, os estudantes tomaram a decisão de mudar completamente as regras do ensino universitário francês. O que começou nos campi, ganhou as ruas e também a simpatia dos trabalhadores.

Estudantes também foram às ruas nos Estados Unidos; os motivos eram vários, o racismo, o Vietnã, o feminismo, a universidade, a violência da Polícia, praticamente tudo enfim.

No Brasil, o ano marcou o mergulho de cabeça na repressão escancarada e na luta armada. Não havia meio termo, ou se havia, era tão pequeno que não cabia ninguém ali para ocupar, ou você estava a ‘nosso favor”, ou “contra nós”, e isto servia para ambos os lados.

Enquanto o mundo parecia desabar, um senhor de idade de origem alemã, lia calmamente o jornal, enquanto fumava. Era Herbert Marcuse, um dos filósofos  que esteve por trás da criação da Escola de Frankfurt. Ao lado de Jürgen Habermas, Theodor Adorno e Walter Benjamin, Marcuse escreveu vários trabalhos que giravam em torno da crítica à sociedade industrial, ao capitalismo e também à indústria cultural.

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Marcuse com ativista americana Ângela Davis

Marcuse no final dos anos 60, foi juntando as pontas daquela colcha de retalhos. Por detrás de todos aqueles eventos havia, segundo ele, uma teoria que poderia conectar todos aqueles pontos. O que havia de comum era o fato de que a “Juventude”, ao menos no mundo Ocidental, parecia estar protagonizando uma revolta generalizada. Marcuse chamou este movimento de “A Grande Recusa”.

Para ele, era como se “os jovens” estivessem rejeitando os padrões de ascensão social, de sociabilidade, de sucesso profissional e de sexualidade que havia moldado as vidas de seus pais e avós. Era geracional, disso Marcuse tinha certeza. Aqueles jovens que estavam indo às ruas, pois estavam  se rebelando contra o conformismo, algo que ele havia analisado em vários de seus livros.

A “Contracultura”, para ele era o movimento cultural onde todas estas “recusas” estavam sendo sintetizadas, a recusa à tecnologia e ao capitalismo que prometeram mais do que cumpriram, à corrida armamentista, ao capitalismo e ao consumo. Herbert Marcuse identificou na Costa Oeste dos Estados Unidos, o epicentro do movimento cultural que sintetizava e todas estas “recusas”. Em Paris, os estudantes e os trabalhadores estavam quebrando pau com a Polícia e o Estado Francês, mas o resto andava tranquilamente. No Brasil, por mais que a oposição ao regime militar fosse forte, ela naquele momento não foi capaz de derrubá-lo. Mas a Califórnia, ah! a Califórnia parecia ser a Meca onde todos estes contestadores resolveram se reunir. Nos desertos e nas montanhas californianos, as pessoas decidiram construir comunidades, deixando para trás as casas nos subúrbios. Claro, nem todos fizeram isso, mas aqueles tomaram esta atitude chamaram tanta atenção, que foram para as capas de revista ou para a televisão. Afinal, a troco de quê aquelas pessoas estavam trocando “o sonho americano”, para viverem em cabanas sem energia elétrica, ou aquecimento?

No meio deste grupo, um jovem que mal barba tinha no rosto, que atendia pelo nome de Steve Jobs, assistia a palestras sobre meditação transcendental, a construção de computadores pessoais, os benefícios da alimentação vegetariana, entre outras coisas. Seus colegas começavam a imaginar mundos onde as pessoas poderiam se comunicar por computadores pessoais, em suas casas, as ligações telefônicas poderiam ser televisionadas. Claro, havia muito sexo e droga, tudo em grandes doses.

Tudo aquilo lhe era familiar, de certa maneira. A Alemanha, sua terra natal, não era a Califórnia, mas o Romantismo do início do século XIX fez algo muito parecido. A geração de Goethe e Schelling também se revoltou contra a revolução que a Inglaterra havia inaugurado. Máquinas, cidades lotadas de operários, cientistas que se arrogavam a explicar tudo e o “Capital” que tudo comprava, onde vamos parar, perguntavam aqueles românticos alemães. Mais uma vez, um outro calado alemão, lia as notícias daquela época, enquanto pitava seu cachimbo, e ele atendia pelo nome de Karl Marx, mas isto é assunto para outra história.

Marcuse sabia que estava diante de uma mudança social de proporções gigantescas, tão grande talvez como aquela que deu origem à revolução Industrial e ao capitalismo no século XVIII. Marcuse percebeu também que neste turbilhão de acontecimentos, aquilo que chamamos de “esquerda”, também mudou.

Desde que Karl Marx publicou “O Capital”, o Comunismo louvava a Tecnologia e a Ciência como um dos grandes feitos da humanidade. Sem muito muito esforço, o leitor pode se dar ao trabalho de consultar na obra de Karl Marx, as inúmeras vezes em que ele não poupou elogios às inovações tecnológicas que deram origem à civilização industrial. Se vivo fosse, talvez Marx recusasse a categoria de “marxista’, mas aceitaria de bom grado ser chamado de “nerd’.

Desde Karl Marx, criou-se uma tradição de a Ciência e a Tecnologia eram forças de transformação social, muitas vezes positivas. Mas, desde a década de 60, esta corrente de pensamento passou a considerar que toda a mudança desencadeada pela Ciência e pela Tecnologia eram no fim das contas, mais prejudiciais do que benéficas.

Bem, aí veio o Estalinismo, os campos de prisioneiros, a Guerra Fria e as intervenções de Moscou às antigas nações aliadas, transformadas em meros satélites de seus interesses políticas. Moscou estava ganhando e gastando mais dinheiro em sofisticados sistemas militares do que produzir casas de boa qualidade aos moradores da União Soviética.

O encanto da esquerda com a Ciência e à Tecnologia foi cedendo cada vez mais espaço à uma crítica que com o tempo se transformou em uma “recusa’, muito parecida com a atitude que os românticos alemães, no início do século XIX fizeram à industrialização.

Os intelectuais aproximaram-se cada vez mais de aspectos que antes não foram alvo de maiores reflexões, as identidades nacionais, a “Cultura”, as relações de gênero, o colonialismo e o racismo. Tudo isso e muito mais, foi ganhando cada vez mais espaço nas reflexões destes intelectuais. Não seria de surpreender que em alguns anos isso também ocupasse mais espaço no mundo acadêmico, na forma de disciplinas oferecidas regularmente nos currículos.

Em 2018, cinqüenta anos depois, já não fazemos ideia que as coisas nem sempre foram como pensamos que são.

Mas no século, a tecnologia assumiram uma dimensão tal na vida social, que se tornou virtualmente impossível negar a sua presença. Hoje, as atitudes de “recusa’ ainda são muito parecidas com aquelas de meio século atrás. Para dizer a verdade, não é à toa que até mesmo a moda busque naqueles conturbados anos inspiração para vender aquele corte de cabelo “Black Power’, aquela bata indiana, ou a infalível dieta vegana, que na década de 60 atendia pelo nome de macrobiótica.

Sim, 1968 está longe de acabar, e pelo andar da carruagem continuará para muito além de 2018.


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Professor Paulo Roberto dá aulas de história para o ensino médio em Cabo Frio

 

 

 

 

 

 

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